A União de Sindicatos do distrito de Castelo Branco e o Observatório de Desenvolvimento Económico e Social da UBI, dois organismos de credibilidade, acabam de traçar um quadro negro para a Beira Interior. Não se trata de documentos pessimistas mas de uma visão realista da situação e também com propostas para alterar os dados em relação ao futuro.
O documento sindical parte de realidades factuais e o do Observatório está mais na linha das perspectivas que se avizinham. De qualquer forma, os documentos constituem um alerta para o Governo sobre a nossa Região e uma tomada de consciência do que é actualmente o tecido social do Interior.
Um tema comum aos documentos diz respeito ao desemprego. O Observatório prevê que o desemprego ultrapasse os dois dígitos. Já a União de Sindicatos fala em 8841 desempregados, número que conta só com os registados. O desemprego atinge no distrito sobretudo as idades entre os 35 e 54 anos. Este é um dado trágico, pois estamos em face de homens e mulheres na força da vida e com maior potencial na produtividade e nas dinâmicas sociais.
A tradicional indústria têxtil sofre um grande rombo com novas fábricas em dificuldades acrescidas. E a indústria automóvel e a construção civil começam a ter problemas. O pequeno comércio continua numa agonia lenta da qual dificilmente se libertará.
Um elemento de análise de base diz respeito à demografia. A população está cada vez mais envelhecida. Os concelhos do distrito de Castelo Branco perderam todos população. Em 2002, o distrito tinha 204 mil e 481 pessoas. Em 2007, 196 mil e 743 pessoas. Ou seja, uma diminuição de quase 8 mil pessoas. A quota dos imigrantes não compensou a perda da população.
A desertificação é um flagelo do Interior que se vê desprovido de gente arrastando consigo uma série de consequências negativas de toda a ordem. E a primeira, a não atracção de empresas que possam criar novos empregos.
Perante um cenário tão carregado, não se podem cruzar os braços. É preciso agir e antecipar soluções para toda esta série de problemas. Os documentos convergem na discriminação positiva para o Interior e o Observatório sugere mesmo a isenção total do IRC para as empresas que aqui se instalassem durante cinco anos. E a vinda de novas empresas para a Beira Interior é crucial para evitar o futuro negro agravado pela crise financeira internacional.
A União dos Sindicatos acentua uma medida importante que é o apoio à incubação de empresas com o aproveitamento das estruturas do Parkurbis. Já o micro-crédito merece uma referência dos dois organismos.
Outras iniciativas surgem apontadas para que o Governo as tome na devida conta para evitar uma catástrofe com o fecho de fábricas dos lanifícios e de confecções. E não se pode perder tempo.
Temos um potencial turístico que importa desenvolver ao máximo. Duas iniciativas merecem já serem exigidas e que complementam a procura turística e a diversidade de destinos. A primeira prende-se com o IC-6, via de ligação para Coimbra. É urgentíssimo que esta via seja construída. Um verdadeiro crime o seu adiamento.
Depois o novo aeroporto. Trata-se de um infra-estrutura para o futuro. Importa acelerar a sua construção. E o Governo tem de se comprometer.
O futuro da Beira Interior pode ter horizontes de esperança. Basta que haja vontade política. E esta não a pedimos. Para o nosso bem colectivo, exigimo-la como um acto de justiça.
Multimédia