Demoras no exame de condução
Em média, no distrito de Castelo Branco, é necessário aguardar 36 dias desde que é feito o pedido de exame de condução até se prestarem provas. Na Guarda esse intervalo é de 13 dias.
> Notícias da CovilhãCastelo Branco é o distrito do País onde mais tempo se espera entre a marcação e a realização do exame de condução. O dado foi divulgado pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres nas jornadas da Associação Portuguesa de Directores de Escolas de Condução (APDEC) que decorreram na Covilhã no último sábado, 6 de Dezembro.
No distrito albicastrense, em média, é preciso aguardar 36 dias entre a data do pedido feito pela escola e a realização da prova prática no centro de exame. Na Guarda esse intervalo médio cai para os 13 dias de espera. Um período substancialmente inferior a Castelo Branco. No extremo oposto encontra-se Santarém, onde os candidatos a tirar a licença de condução têm de aguardar apenas dez dias entre a altura em que o pedido de exame é feito e a realização da prova.
À frente de Castelo Branco na lista encontra-se Coimbra, com uma média de espera de 28 dias. Portalegre e Beja são outros dos distritos onde a demora é maior, de 26 dias.
No encontro realizado no auditório do Parkurbis, que reuniu representantes de escolas de condução de todo o País, a necessidade de formação contínua dos condutores foi um dos aspectos em que os responsáveis do sector mais insistiram.
“É tempo de começar a pensar na formação contínua dos condutores. Nós tiramos a carta e desde essa altura nunca mais temos contacto com qualquer formação para aprender algumas alterações legislativas e de regras de trânsito”, sublinha Gonçalo Leitão, do departamento jurídico da APDEC. O advogado dá o exemplo do desconhecimento que se verifica quanto à correcta circulação em rotunda, o que muitas vezes origina acidentes.
Na óptica de Gonçalo Leitão o sistema de uma carta por pontos, hipótese em estudo pelo Governo, é um princípio. “Um condutor com um determinado número de infracções teria de passar por uma formação”, defende.
O ideal seria as pessoas fazerem voluntariamente essa actualização de conhecimentos. Mas David Silva, presidente da ADPDEC, preconiza que essa reciclagem periódica deve ser imposta por lei. “Se não for ninguém faz”, prevê.
As acções poderiam decorrer nas escolas de formação que, frisa David Silva, estão disseminadas pelo País, estão equipadas e já têm profissionais qualificados. Mas para já, quem por iniciativa própria queira fazer formação, terá dificuldade em actualizar-se numa sala de código, que actualmente só podem ser frequentadas por quem é portador de uma licença de aprendizagem, lembra Gonçalo Leitão. Para isso, teriam de ser modificadas as normas aplicadas.
Bertha dos Santos, professora na Universidade da Beira Interior, sublinhou a importância da educação rodoviária, que “deve ser intensificada e dada também nas escolas”, por as crianças interiorizarem mais facilmente conceitos. Na opinião da docente do Departamento de Engenharia Civil as regras de prevenção rodoviária devem ser incutidas quanto mais cedo melhor. A formação contínua dos seniores é também recomendada por Bertha Santos, apesar de a sinistralidade nas estradas ter baixado na última década.
O presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, presente na sessão de abertura das jornadas, mostrou-se satisfeito por apesar da crise de que as escolas de condução se queixam, estarem a tentar contrariá-la, discutindo os seus problemas e procurando soluções.
Segundo David Silva, a escolha da Covilhã para a realização da iniciativa deveu-se à intenção de privilegiar não só o Interior do País mas locais onde as pessoas, para irem a estas jornadas, têm habitualmente de se deslocar muitas centenas de quilómetros. Para além disso, sublinha os bons acessos. “A Covilhã é um local onde se chega facilmente”, realça.
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