Tradição beirã
Com muito calor, bebida, comida e alegria se vive ainda o Natal numa terra que não perdeu a sua verdadeira essência natalícia, passada em grupo junto ao madeiro.
> Filipa Seita MachadoAinda o último raio de Sol se despedia entre as frestas seculares da torre sineira e já se sentia o cheiro forte do madeiro do adro da igreja misturado com outros odores, característicos da véspera de Natal. Esta tarefa de acender o madeiro tornou-se mais fácil que noutros tempos, pois a habilidade humana foi substituída por combustíveis inovadores.
É dia 24 de Dezembro e o ritual do acender do madeiro repete-se em frente de todas as capelas. Este ano, o madeiro em honra de São João superou todos os outros devido à iniciativa de um grupo de jovens festeiros cheios de ideias dinâmicas. A comissão de jovens manteve durante toda a noite “vigília alegre” num bar junto ao madeiro, rusticamente enfeitado com fardos de palha, fazendo lembrar o estábulo de há dois mil anos atrás.
Música natalícia, café, jeropiga, vinho e mais algumas bebidas típicas da zona, acompanhadas com carnes assadas, nomeadamente enchidos, entretiveram todos os visitantes do madeiro de São João, aceso ao lado da capela durante toda a noite.
A novidade do acontecimento depressa se espalhou pela vila, atraindo cada vez mais curiosos, que o bom tempo ajudou a manter, pela noite dentro até ao romper da manhã do dia 25 de Dezembro.
A iniciativa deste ano deu uma nova dinâmica a uma tradição de há já muitos anos, que pode voltar a ser como era devido a uma maior adesão jovens. Madalena Figueiredo, uma das festeiras, defende que “esta festa de Natal faz com que os jovens desta terra, que moram fora, queiram mesmo passar cá o Natal, visto que nas grandes cidades não há destas tradições.”. A aposta dos jovens festeiros que não querem deixar “morrer” a terra será retomada em 2009.
Multimédia