O Natal de 2008 ficará na história como o pior do período pós-2ª Grande Guerra. Se em anos anteriores as dificuldades pareciam ter poucos reflexos no consumo, este ano é visível a falta de clientes nas zonas comerciais. A bonança virtual patrocinada pela voracidade da banca parece ter chegado ao fim.
O dinheiro que os bancos vendiam com a maior das facilidades está agora fechado a sete chaves, e os compromissos entretanto assumidos pelas famílias tornaram-se num problema de difícil resolução. Nalgumas câmaras municipais da região, tal como no resto do país, cerca de 30 por cento dos funcionários têm o vencimento parcialmente penhorado por incumprimentos fiscais ou execuções fiscais. O crédito mal parado e os processos relativos a cheques sem provimento aumentam a um ritmo alucinante e a DECO recebe todos os dias pedidos de ajuda de famílias que entraram numa espiral de dívidas. O cenário é negro e o novo ano não augura nada de bom.
Por muito que queiramos atirar a culpa para o capitalismo, os governos ou a banca, a verdade é que a culpa é de todos os que se deixaram embalar pela doce melodia do dinheiro fácil. O bom-senso aconselha que não se gaste mais do que se ganha, mas a quem interessa o bom-senso quando o vizinho do lado compra um automóvel novo, quando o primo muda para uma moradia ou quando o colega de trabalho exibe um telemóvel de última geração. O problema é que as más opções passam sempre uma factura, que pode tardar, mas não falha. O resultado está à vista e por isso muitas famílias vão passar o pior Natal das suas vidas.
Resta esperar que as dificuldades actuais sejam as forças de amanhã, e que as famílias portuguesas em dificuldades retomem rapidamente o caminho da prosperidade, da paz e do amor, os valores tradicionais desta quadra natalícia.
Feliz Natal para todos
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