O Natal, este ano, celebra-se, dentro das comemorações dos dois mil anos de Paulo de Tarso, o apóstolo das gentes. O Ano Paulino põe, assim, mais em relevo a Festa das Festas, como chamou ao Natal João Crisóstomo, o boca de ouro, mais tarde Francisco de Assis, esse louco da santidade.
Convertido no caminho de Damasco caindo do cavalo abaixo, Paulo, de feroz perseguidor dos cristãos tornou-se um apaixonado de Jesus e tudo sofreu para comunicar ao mundo de então a sua mensagem. Num tempo em que não havia aviões nem auto-estradas nem telemóveis, este homem fogoso de temperamento e cidadão romano fundou uma série de comunidades que não eram assim tão perto. Mesmo com naufrágios e prisões, nunca lhe veio à mente desistir.
As dificuldades tornavam-no mais fortes no bom combate que se tinha imposto. Bom combate que era a expressão da sua vivência do Natal e da boa notícia da libertação que o Menino-Deus trouxe à Humanidade.
Paulo de Tarso mostra pela sua vida, com ousadia, que o nascimento de Jesus inaugura uma nova era onde o ódio não deveria morar e a paz deveria ser considerada como o maior bem. Mas os homens assim não o entenderam. E, ao longo dos séculos, mesmo até cristãos se envolveram em lutas fratricidas com consequências nefastas para povos e nações. E, ainda, hoje, também a fé no Menino-Deus sofre divisões incompreensíveis para o nosso tempo.
Por isso, o Ano Paulino é uma interpelação à imagem do Natal que se apresenta nas sociedades modernas. Imagem falseada até pela forma como é apresentada a figura do Pai Natal.
A origem do Pai Natal vem de São Nicolau, um bispo que a iconografia mostra de barbas brancas e que salvou muitas crianças da prostituição. A Igreja Católica celebra a sua festa a 6 de Dezembro. O culto a este santo espalhou-se pela Grécia, Alemanha, Dinamarca, Noruega e Suécia. Dado ser amigo das crianças, instalou-se o costume de no dia da sua festa se colocarem os sapatinhos debaixo da chaminé. S. Nicolau chegava com um saco e distribuía os seus presentes para dar aos meninos mais pobres.
Com o tempo, entra a mitologia da santa klaus e aparecem o trenó e as renas. Foi aqui que a multinacional americana Coca-Cola descobriu uma oportunidade de negócio e inventou essa figura de Pai Natal que nada tem a ver com o original.
Assim se desfigura uma imagem. Aliás, o mesmo se passa com a Árvore do Natal que tem um valor simbólico profundamente cristão. E a que se deu uma conotação pagã. Trata-se, sim, da árvore da vida donde veio a cruz. O pinheiro que se mantém verde todo o ano, aponta para a eternidade.
As bolas dependuradas significam a Eucaristia, os anjos a corte celestial, as estrelas, o guia dos magos à gruta de Belém, os Pai Natal os santos. Esta a verdadeira simbologia da árvore do Natal junto da qual se constrói o presépio.
É preciso devolver ao Natal ao seu significado único e não o desfigurar com roupagens comerciais. Dar prendas é bom, pois com elas exprimimos a nossa gratidão e amizade. Mas a maior prenda é o Menino-Deus que nos trouxe a paz, a justiça, a liberdade, a fraternidade e o amor.
À volta do presépio, a leitura das cartas de Paulo de Tarso dão-nos a verdadeira imagem do Natal.
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