Um Workshop despido de Preconceitos
O nú foi o tema do workshop de fotografia, integrado na segunda edição do Festival Artcore. A AAUBI apostou na diferença com o objectivo de sensibilizar para as artes do erotismo.
> Inês RatoUma sessão de fotografia arrojada marcou o dia 3 de Dezembro, na sede da Associação Académica da Universidade da Beira Interior. Apesar da fraca adesão, a AAUBI voltou a apostar no Festival Artcore, integrando nesta edição um workshop de fotografia de nú.
O vice-presidente da AAUBI, João Jesus explica que “tem de haver uma cultura diferente, onde se possa ver filmes, fotografias, música e cinema fora do comum”. Os estudantes querem manter esta iniciativa, não só por ser diferente mas também para criar estruturas culturais inovadoras, de forma a quebrar os estereótipos relacionados com o tema. “Queremos que as pessoas tenham uma mente mais predisposta a falar e a comunicar sobre um tema que não é tão habitual, no fundo apostar numa cultura mais alternativa”, acrescenta o vice-presidente.
Os participantes tiveram a oportunidade de trabalhar num ambiente de estúdio fotográfico, direccionados pelo formador Pedro Azevedo. Um cenário de iluminação apropriada onde posaram dois modelos, um feminino e um masculino, que se despiram para a arte. O dia foi dividido em três partes “de manhã, tivemos uma conversa sobre a fotografia de nú, abordamos uma série de questões sobre como fazer uma fotografia mais trabalhada em termos de luz, forma e textura”, conta o formador. A tarde foi ocupada com a parte práctica do exercício, contando com a presença dos modelos. “À noite fez-se um tipo de fotografia mais espontânea, em que os participantes desenvolveram as técnicas aprendidas durante o dia de forma mais casual”, concluí Pedro Azevedo. O à vontade dos modelos ajudou na realização do trabalho. Raquel Pires e Carlos Afonso são namorados, o que facilitou na interacção e no toque perante a câmara. O casal apoia a iniciativa apesar de acentuar a ideia da fraca participação, “As pessoas gostam de ver, mas não o admitem, são pudicas, não gostam de ser vistas neste tipo de eventos”, afirmam os modelos.
Pedro Lopes, aluno de Cinema, motivado pelo enriquecimento técnico e estético dos seus conhecimentos decidiu participar nesta iniciativa, afirma que “quanto à questão sobre se este tipo de arte ainda é um tabu, eu diria que não. Por um lado, acho que para nós, jovens universitários já não resulta tanto como isso”. O participante acredita que hoje em dia há uma maior abertura sobre este assunto e que o nú artístico se distingue da pornografia.” A pornografia quer apenas mostrar o corpo, sem nenhum tipo de trabalho criativo, ou seja, é uma imagem que não liga o olhar através dela, enquanto que no nú artístico há uma ligação entre a pessoa que vê a imagem e a criatividade do fotógrafo”, salienta ainda Pedro Lopes.
O festival ArtCore decorre até á próxima quinta-feira, dia em que será exibido um filme erótico de 1910 com a construção de uma banda sonora ao vivo.
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