Assinalou-se, ontem, o Dia Mundial da Luta Contra a SIDA, uma doença que chegou a ser vista como uma nova peste, mas que graças è intensa investigação tem hoje diagnósticos bastante favoráveis. Embora clinicamente se tenha registado uma assinalável evolução, em termos sociais a doença continua a ser muito estigmatizante por estar associada a grupos de risco e pelo grande desconhecimento em relação à forma como se transmite.
Os primeiros testes para detecção do HIV surgiram em 1985 e só então se percebeu que o número de infectados com o HIV era muito superior ao número de doentes com SIDA. Desde logo se percebeu a extrema importância da prevenção para reduzir o contágio, tendo sido feita uma aposta em campanhas de sensibilização. Apesar dos milhões gastos em campanhas, os resultados ainda estão aquém das expectativas, e os jovens têm sido um dos grupos mais difíceis de sensibilizar.
O estudo Os jovens universitários e a SIDA, revela que “o maior dos problemas da mensagem sanitária consiste em mostrar às pessoas em geral, e aos jovens em particular, que o perigo de transmissão ou contágio do VIH não está tanto nos doentes com sida, fáceis de reconhecer como doentes, mas, sobretudo, nas pessoas que parecem gozar de perfeita saúde mas que são seropositivas. De facto, uma boa parte dos nossos jovens confunde a seropositividade para o VIH com a doença sida.”
Neste estudo, desenvolvido em oito faculdades da Universidade de Coimbra, confirma-se uma tendência já verificada noutros trabalhos: as campanhas de prevenção do HIV não têm impactos significativos juntos dos jovens universitários: apenas metade dos participantes (52,6%) usam sempre preservativo, 24,3% usaram-no apenas no início da vida sexual e 12,4% nunca o usaram. De acordo com os participantes, as principais causas para a não adesão às campanhas de prevenção do HIV são a “inconsciência e irresponsabilidade” (62,4%) e o “sentimento de invulnerabilidade” (30%), sendo este último dado muito habitual em estudos com estudantes universitários. Aliás, 99,1% dos estudantes revelaram ter uma “percepção de risco pessoal para o VIH, muito baixa ou nenhuma”.
Entre os motivos para a não utilização do preservativo, 45,1% referiram o desconforto físico e psíquico, 29,2% atribuem a não utilização à impulsividade própria dos jovens e 14,2% consideram que é difícil e/ou embaraçoso adquirir os preservativos.
Facilmente se conclui que a população universitária corre riscos elevados e é necessário promover mais campanhas de sensibilização neste grupo. Os participantes no estudo pedem mais campanhas com “mensagens-choque”, campanhas mais “informativas e realistas” e “mensagens-fashion” de incentivo ao uso do preservativo. O pedido está feito, compete às autoridades dar-lhe resposta.
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