Voltar à Página da edicao n. 463 de 2008-12-02
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> <strong>José Geraldes</strong><br />

Cuidados Continuados e projecto da Misericórdia da Covilhã

> José Geraldes

Os Cuidados Continuados constituem uma das valências na saúde que precisa de maior atenção. Numa população, como a portuguesa, em que o envelhecimento é uma constante em progressão, o tema devia estar sempre na actualidade e exigir uma observação permanente. E uma contribuição adequada do Orçamento de Estado.
Por isso, a Semana dos Cuidados Continuados realizada de 17 a 21 de Novembro com iniciativas por todo o País foi muito oportuna. Só é de lamentar que os grandes órgãos de comunicação social e sobretudo as televisões quase a tivessem ignorado. Para que se debatesse este assunto de grande importância para a população portuguesa.
O serviço dos Cuidados Continuados depende da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) inserida no Serviço Nacional de Saúde. E abrange cuidados de convalescença, recuperação e reintegração de doentes crónicos e pessoas em situação e dependência. Segundo o sítio da Internet deste serviço, a Rede assume uma série de objectivos que vão desde o investimento nos cuidados de longa duração à qualificação e humanização na prestação desses cuidados.
A cobertura no território português dos Cuidados Continuados ainda não é a ideal e está muito aquém das necessidades do País. Segundo declarações da coordenadora nacional, Inês Guerreiro, “as necessidades em cuidados continuados andam à volta das 15 mil camas.” E acrescenta: “Já conseguimos fazer muito nestes dois anos. Partimos do zero, pegámos no que havia – que era uma oferta sem diferenciação – e reconstruímos uma rede com gradientes de cuidados e baseada em referenciações rigorosas para colocar o doente no lugar certo e na unidade mais adequada.” Mas, como admite a coordenadora, “falta fazer mais de metade do caminho.”
Assim, nos últimos dois anos, mais de cinco mil doentes em situação de dependência ficaram de fora da RNCCI, no conjunto de à volta 21 mil doentes que os centros de saúde e hospitais detectaram como a necessitados de assistência. Actualmente estão contratualizadas quatro mil camas.
É incontornável não referir a Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital do Fundão que tem desempenhado um papel único nos doentes terminais e que se deve à tenacidade do médico Lourenço Marques. E que é um conforto para as famílias dos doentes.
A Rede inclui na prestação de serviços de saúde e apoio social instituições públicas e privadas. Entre as privadas, as Misericórdias ocupam um lugar de destaque.
A este propósito, a Misericórdia da Covilhã apresentou, há anos, um projecto para a construção de um hospital de retaguarda com a remodelação das antigas instalações hospitalares, no Alto de Santa Cruz, com o objectivo de cuidados continuados.
O projecto foi trabalhado quando o médico Miguel Castelo Branco era presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar da Cova da Beira e da Cruz Vermelha. Aliás, o projecto envolvia um protocolo com a Cruz Vermelha Nacional. E, só não foi assinado, por quatro dias, com a queda do Governo de Santana Lopes. Depois, ficou em banho-maria, apesar de uma visita do novo presidente da Cruz Vermelha.
O projecto continua válido, contempla 45 camas e já foi apresentada nova candidatura oficial. Esperemos que os gestores dos dinheiros públicos viabilizem a candidatura pois vem completar a Unidade de Cuidados Paliativos e responde a uma necessidade da Covilhã e Região.
Com a aprovação da candidatura da Misericórdia da Covilhã, a Rede Nacional Cuidados Continuados passa a dispor de mais uma unidade para dar resposta à “metade do caminho” de que fala a Coordenadora Nacional.


Data de publicação: 2008-12-02 00:00:00
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