Um sol que brilha para todos
As energias renováveis estão a ganhar terreno aos tradicionais produtos. O governo português está a promover a micro geração de energia eléctrica através de fontes renováveis e limpas. Na nossa região existem já alguns exemplos. O Urbi mostra a primeira unidade de micro geração fotovoltaica da região, com seguidores solares de um eixo, cuja potência ultrapassa os 4000 Watts.
> Eduardo AlvesJá é possível ter uma casa totalmente independente, em termos energéticos. A afirmação não é mera propaganda política, nem discurso ecológico, é uma realidade. Como confirmação está o caso exemplar de Carlos Micaelo. Morador na Quinta da Meia-Légua, entre o Tortosendo e a Covilhã, este técnico da Universidade da Beira Interior há já algum tempo que também se mostrava curioso sobre as reais capacidades do aproveitamento solar para fins energéticos. Daí até se tornar o primeiro micro-produtor de energia com seguidores solares de um eixo do concelho, foi um passo.
Contribuir para a preservação do planeta, reduzindo as emissões de CO2, aproveitar uma fonte de energia gratuita, ganhar independência energética e vencer alguns desafios tecnológicos foram algumas das razões que levaram Carlos Micaelo a aderir à produção de energia eléctrica a partir do Sol. Este técnico do audiovisual sempre se mostrou um apaixonado por novas tecnologias e há bem pouco tempo instalou na sua residência um sistema de aquecimento de águas sanitárias através da luz solar. Um sistema de circulação forçada composto por cerca de quatro metros quadrados de colectores solares, associados a um depósito de água com capacidade para 300 litros, permite que “toda a água quente que utiliza em casa, (máquinas de lavar inclusive) seja aquecida pelo Sol, a custo zero”. Um investimento que, para além de lhe permitir poupar no gás, “há mais de seis meses que não compro uma botija de gás”, abriu-lhe também as portas para a instalação de uma unidade de produção de energia eléctrica para venda à EDP.
Depois de ter passado pelo portal das Energias Renováveis, “para recolher informação, registar-se e dar início ao processo”, Carlos Micaelo decidiu avançar para a selecção, compra e instalação deste tipo de equipamento.
“Tudo foi bem à maneira ‘simplex’. O site funciona muito bem e todos “timings” foram cumpridos com rigor”. Depois do registo e da eventual aprovação, o potencial produtor de energia tem quatro meses para instalar a unidade de micro geração, depois de concluída a instalação, todo o sistema será alvo de inspecção por uma empresa de certificação “Certiel”, se a referida instalação for aprovada e certificada será celebrado um contrato com a EDP no sentido da venda da totalidade da energia produzida.
Esta unidade de produção de energia, converte a radiação solar em energia eléctrica, a qual é posteriormente introduzida na rede pública de distribuição da EDP.
A unidade em causa, é constituída por vinte e quatro módulos solares, que captam a luz do sol e geram energia suficiente “para o consumo de uma residência, por exemplo”, adianta o proprietário.
Embora a Potência máxima aceite pela EDP seja de 3680 Watts, Carlos Micaelo decidiu aumentar a potência do conjunto para (4200W) com o objectivo de compensar as perdas típicas do “Inversor” do sistema. Este gerador fotovoltaico com seguimento solar por cálculo matemático e com a potência atrás referida, é o único na região com esta tipologia, a energia produzida passa por um “telecontador” de produção, o qual faz a contagem da energia produzida e envia os dados via modem GSM, de forma instantânea, para a EDP.
Aproveitar um recurso natural e inesgotável e contribuir para a preservação ambiental é um dos principais objectivos deste programa. Nos primeiros cinco anos, a energia produzida será comprada pela EDP a um preço de 65 cêntimos por kilowatt-hora (kWh), seis vezes superior ao da electricidade que pagamos em casa. Por outro lado, o custo dos equipamentos é sujeito a uma dedução de 30 por cento à colecta, até 777 euros, e o produto da venda da energia é isento de tributação em sede de IRS. Carlos Micaelo explica que “os primeiros anos servem, sobretudo, para amortizar o investimento inicial”. Depois, a estação passa a ser uma fonte de rendimento pleno.
De salientar que os equipamentos tem uma vida útil de cerca de vinte cinco anos, podendo mesmo superar este valor
Todos os interessados neste tipo de sistema podem tornar-se assim produtores de energia para a EDP. Para tal, basta consultar o site oficial das energias renováveis, iniciar todo o processo e cumprir os requisitos pedidos.
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