Novas formas de regionalização apresentadas na Covilhã

A mais importante conferência na área do empreendedorismo teve lugar na Covilhã. O Edifício das Engenharias, na UBI, acolheu mais uma edição da RENT Conference, na qual se apresentaram as mais recentes investigações sobre pequenas e médias empresas e também o papel que as novas tecnologias têm no desenvolvimento das regiões.

Os organizadores da RENT Conference na UBI consideram esta semana como “histórica” para a instituição e para o País. Isto porque, “é a primeira vez que este tipo de reunião tem lugar em Portugal e logo numa cidade de média dimensão, localizada no interior, como é a Covilhã”, sublinha João Leitão. Este docente do Instituto Superior Técnico foi até há bem pouco tempo professor no Departamento de Gestão e Economia da UBI e é um dos organizadores da RENT.
Este evento decorreu durante dois dias no Edifício das Engenharias e contou com a participação de mais de 180 investigadores, docentes e teóricos que seguem, de perto, as temáticas centrais desta área. João Leitão sublinha “o trabalho, em termos históricos, que tem vindo a ser desenvolvido pela UBI, na área da investigação e empreendedorismo e, sobretudo, na gestão de pequenas e médias empresas”. Para o docente e organizador, essa é uma das razões tidas em conta para escolha da Covilhã como local de realização do RENT.
A conjuntura actual de crise económica foi um dos pontos fundamentais abordados ao longo dos trabalhos. O tema do empreendedorismo e das novas ideias de negócio “renasce sempre nestas alturas”, aponta João Leitão. Mas, para este docente e investigador, há que “criar um mapa desta área de investigação, designadamente, ligando o empreendedorismo e a mudança tecnológica não as associando apenas a períodos de crise durante os quais se equacionam soluções alternativas para criar emprego para as pessoas”. Uma ideia defendida pela maior parte dos participantes ao longo das diversas intervenções que deram forma às mesas temáticas.
Mostrar a importância que o empreendedorismo assume já na economia dos Estados, avaliar os diversos campos de influência das novas áreas comerciais e mostrar casos concretos de sucesso fizeram também parte das matérias abordadas no evento. De entre o conjunto de temáticas trabalhadas, os organizadores demarcam as intervenções que mostram que “através da instalação de estabelecimentos de ensino superior consegue-se promover uma efectiva política de desenvolvimento regional”, diz João Leitão. Até porque, “é através da profissionalização e do desenvolvimento do capital humano é que se pode pensar num futuro com sustentabilidade, com desenvolvimento do País, com base regional”.
Este tipo de conclusões “veio reforçar ainda mais a importância de uma reunião desta natureza na Covilhã”, lembra Mário Raposo. O vice-reitor da UBI e outro dos organizadores do evento lembra o tópico central desta conferência passou exactamente “pela afirmação da importância que o fomento do empreendedorismo e das novas tecnologias tem na economia local e regional”. João Leitão reforça a ideia do vice-reitor e aponta para a necessidade de “apresentar o empreendedorismo como o motor de desenvolvimento económico a nível regional”.
Neste fórum de discussão conseguiu-se apresentar resultados “do efeito da criação de universidades em matéria de spin-offs, transferência de tecnologia e criação de novas especializações produtivas de base regional”. De entre as várias conclusões dos dois dias de jornada, Mário Raposo aponta também “o conjunto de trabalhos que identificam obstáculos, mas também oportunidades e contribuem para a definição de políticas públicas que venham estimular o empreendedorismo também nestas regiões mais periféricas. Isto é como um meio de ultrapassar alguns problemas que nós sabemos que existem, como em Portugal e nestas regiões”.
Com a competitividade tecnológica a ditar os resultados positivos da economia, os promotores do evento lembram que o empreendedorismo deverá ser, “cada vez mais, uma área a ter conta, sobretudo para os decisores públicos que devem atribuir a esta matéria um papel equiparável ao papel da ciência e tecnologia ou da inovação e que seja uma área, no curto prazo, inclusive ministeriável”, diz João Leitão. Para além disso, a capacidade de inovar tecnologicamente e de criar estruturas que promovam novas áreas pode servir como plataforma de lançamento das economias locais. “O empreendedorismo pode mesmo levar a uma nova regionalização, a regionalização tecnológica”, reitera o docente do IST. Desta forma, a Covilhã, com a UBI, o Parkurbis e outras estruturas similares, poderá tornar-se uma das regiões com peso nesta área, segundo a perspectiva dos organizadores do evento.