Teatro das Beiras recebe crianças da cidade

Começou no dia 15 de Novembro mais uma edição do Festival de Teatro da Covilhã, um evento que recebe novamente as escolas do ensino básico para assistirem às diversas peças infantis.

"Minha árvore minha casa” foi a primeira peça infantil em exibição no Festival de Teatro da Covilhã, no dia 17 de Novembro. As escolas EB1 de Santo António e do Refúgio estiveram no Teatro das Beiras para assistirem a uma  peça sobre a natureza.
A história desenrola-se numa floresta onde vive somente um enorme carvalho que conseguiu resistir aos avanços dos eucaliptos. O homem, que tudo constrói e tudo destrói, ameaça serrar e pôr fim à vida do carvalho. É com a ajuda dos animais e das crianças (público) que o carvalho consegue impedir o seu abate e o homem decide não cortar a árvore.
A professora da Escola do Refúgio, Conceição Moreira, salienta a importância que estas peças têm para as crianças. “Para já têm o contacto com a arte dramática e, portanto, alarga-lhes os horizontes. E nós, como professores, ao dar-lhes mais ferramentas é mais fácil trabalhar com eles. Estimula a criatividade deles”, acrescenta a professora.
Ao longo da peça, as crianças comentam o que se vai passando na história, identificando as estações do ano, os animais que vivem na floresta e a cadeia alimentar.
O espectáculo foi criado e representado pelo grupo Encerrado para Obras, de Coimbra, que já tem no seu currículo muitas peças para a infância. David Cruz, escritor, encenador e actor da peça, realça que o grupo gosta bastante de trabalhar com crianças. “O facto de gostarmos de crianças já é um bom motivo de trabalharmos para elas.” O encenador esclarece ainda que trabalhar para a infância pode criar hábitos no futuro. “De pequenino se torce o pepino. Se educarem mais e melhor as crianças, mais tarde serão elas, em idade adulta, que virão ao teatro.” Este espectáculo, tal como a linha de orientação do trabalho do grupo, caracteriza-se pela existência de “música ao vivo, interacção com o público, muito trabalho gestual e uma grande presença plástica”, menciona David Cruz. Todos os espectáculos do grupo apelam à participação do público. O grupo faz questão ao longo do espectáculo interagir com as crianças. “A interacção e o improviso estão de mãos dadas”, sublinha o encenador.
Na peça “Minha árvore minha casa”, o público tem uma acção directa na peça, pelo que as crianças se transformam também em elementos da história, numa assembleia de manifestantes, onde lhes são distribuídos cartazes e ensinados motes da manifestação.
“Buli buli raspatek” foi a frase que as personagens ensinaram às crianças, que todas juntas conseguiram assustar o “mau-mau” da história, conseguindo um final feliz para o enorme e antigo carvalho. No final da peça, e no regresso às suas escolas, as crianças repetiam o mote da manifestação, levando desta forma a mensagem da história: “minha árvore minha casa, a floresta não se arrasa”.