Por uma teia de ruas estreitas e sinuosas desfralda-se a terra que, como já designava Almeida Garrett, “é um livro de pedra em que a mais interessante e mais poética parte das nossas crónicas está escrita”.
Ruas que apresentam linhas e cores inesperadas, becos, arcos, calçadas e escadinhas que se adaptam ao ondulado do planalto e da encosta. Percorrendo a cidade de Santarém, pórticos e rosáceas, arcarias e frestas, elementos decorativos de traço ogival, janelas manuelinas, cunhais renascença, escudetes afonsinos, torres e cúpulas, revelam um núcleo urbano em que o civil e o religioso convivem e se entrelaçam. Os inúmeros e valiosos exemplares da arte gótica conferiram-lhe o epíteto de “Capital do Gótico”. Aqui, jamais o arqueólogo, historiador, artista ou simples passante, deixará de se sentir arrebatado. Nesta “Acrópole Ribatejana”, a Porta do Sol, com o seu jardim e miradouro, é ex-líbris.
Para Sul ficam o Tejo e os campos férteis da Lezíria, marcada por extensos vinhedos em traços de geometria aperfeiçoada, enquanto para Norte, já no Bairro, são os olivais que preenchem a paisagem. Olivais que bordam, na Azóia de Baixo, a casa bem preservada onde viveu o historiador e romancista Alexandre Herculano.Continuando a subir, até aos limites do concelho, depara-se facilmente o manto florestal, prenúncio da paisagem carsa. É o domínio dos grandes maciços calcários do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, dos algares, das grutas e dos pequenos recantos que deslumbram quem por aqui se aventura.
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