“Hotel de Província” em Manteigas
Auditório do Centro Cívico de Manteigas vai ser palco da mais recente peça do Teatro das Beiras. A adaptação do texto de Aleksandr Vampilov vai ser apresentada no próximo dia 8 de Novembro às 21.30 horas.
> Eduardo AlvesApós a temporada no Auditório do Teatro das Beiras, que acabou a 18 de Outubro, o Teatro das Beiras começou a digressão de Hotel de Província”de Aleksandr Vampilov, em Vila Real de Santo António e em Évora, sendo agora o palco do Auditório do Centro Cívico de Manteigas que recebe este espectáculo. Um evento inserido no programa Território Artes, apoiado pela Câmara Municipal de Manteigas.
Este é um espectáculo construído a partir da comédia em um acto, “Incidente com um compaginador” e tem encenação de Gil Salgueiro Nave.
A acção desenrola-se num hotel estatal algures na longínqua Sibéria onde o protagonista, um funcionário público de irrelevante importância social, se comporta como um cacique de poderes ilimitados, excedendo-se no seu exercício. Os conceitos de ordem e disciplina ganham um estranho sentido absurdo e incongruente num pequeno mundo donde parece ter-se ausentado a sensatez e a humanidade. A chegada de um novo hóspede ao hotel e uma vez equivocada a sua identidade, põe toda a estrutura de poder e chefia em causa, o hotel entra em colapso e desmorona-se caoticamente.
Como em outros momentos da história do teatro, também aqui a comédia é a forma de exorcizar fantasmas e pôr a ridículo os “poderosos” mesmo se o seu poder é mesquinho, insignificante e efémero.
Vampilov denuncia nesta comédia, a corrupção não apenas nas altas instâncias, mas nos mais pequenos funcionários, insignificantes sem identidade mas que mesmo assim exercem o seu escasso poder de forma tirânica. Apesar da sua curta carreira, interrompida tragicamente aos 35 anos de idade, Vampilov marcou definitivamente uma nova geração de autores, podendo mesmo falar-se do teatro russo pós Vampilov, onde é latente a memória de Tchekov ou Gogol.
A tradução do texto ficou a cargo de Luís Nogueira e a encenação é de Gil Salgueiro Nave. Luís Mouro assina a cenografia e figurinos, enquanto que Vasco Mósa é o responsável pela iluminação e sonoplastia. A interpretação é de Fernando Landeira, João Ventura, Luís Campião, Rui Raposo Costa, Sónia Botelho e Teresa Baguinho.
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