Descobrir a altura das nuvens
Rui Fernandes é docente no Departamento de Informática da UBI, e tem desenvolvido algumas investigações e actividades na área da Engenharia Geográfica. O continente africano tem sido um dos palcos privilegiados do trabalho deste professor que agora se dispõe a encontrar a altura exacta do Monte Kilimanjaro.
> Eduardo AlvesO monte das neves eternas, ponto mais alto de todo o continente africano, exerce uma atracção especial em quem o conhece. Rui Fernandes, docente na UBI e profissional da área geográfica é um destes aficionados. A este gosto juntou-se um desafio feito “durante a minha deslocação ao Quénia, no ano passado, para a orientação de um curso de técnicos de recolha e tratamentos de dados geográficos”. Durante essa acção, alguns dos representantes da Tanzânia, país onde se localiza o Kilimanjaro e também do vizinho Quénia, confirmaram as informações que o docente português tinha e que apontavam para a falta de uma medição exacta e actual do maior monte de África.
O que começou por ser uma brincadeira “acabou por transformar-se em mais um desafio e decidimos então efectuar a medição do monte”, explica este docente da UBI que tem trabalhado em diversos pontos do planeta. Os 5895 metros de altura que estão assinalados como a medida oficial desta formação montanhosa foram avançados por uma equipa de geógrafos e topógrafos ingleses, que em 1957 analisaram o local. Depois dessa empreitada “feita com recurso a métodos clássicos de topografia e ‘transportando’ as coordenadas de um determinado ponto para aquele local, apenas houve mais uma medição”, adianta Rui Fernandes. Nesta acção, realizada em finais do século passado, foram já utilizadas novas técnicas e tecnologias, como o GPS, “e o resultado final apontou para uma altura inferior em três metros”, confessa o mentor da actividade agora realizada.
Contudo, mesmo recorrendo aos novos aparelhos, a questão não ficaria inteiramente resolvida. Isto porque, “o maior problema do GPS, nestes casos, é o de atribuir uma altitude que é conseguida na base de uma superfície matemática, perfeita, mas que muitas vezes não é bem real”. Para que o projecto conseguisse ultrapassar esse obstáculo, Rui Fernandes e os mais de 20 membros envolvidos nesta façanha recorreram a novas técnicas. Alguns investigadores foram percorrendo o sopé do monte para, “através de medidas da gravidade se conseguir determinar o nível médio das águas do mar”. Com esses dados foi possível ao docente da UBI e aos restantes investigadores que escalaram o Kilimanjaro “conseguir a altura precisa da montanha”.
Os dados recolhidos estão agora a ser processados e dentro de algumas semanas, “deve ser conhecido o valor final”, confessa Rui Fernandes. Para além deste ter sido um trabalho pioneiro naquelas áreas, vai também servir para documentar cientificamente a altura de uma das formações montanhosas mais elevados do planeta. O docente da UBI, que está também envolvido na instalação de estação local na Covilhã, traça uma curva ascendente, no que respeita ao sucesso desta actividade e deixa já em aberto outras acções similares que tenham o continente africano como palco.
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