Voltar à Página da edicao n. 453 de 2008-09-30
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As praxes continuam a ser tema de grande polémica

Manobras de “Integração”

Amadas por muitos, adiadas por outros tantos, as praxes académicas continuam a ser uma das mais controversas tradições universitárias. Na semana em que teve início mais um lectivo na UBI, os caloiros voltaram a ter um “banho de integração”.

> Eduardo Alves

São muitas as vozes que agora ecoam pelas salas do Museu de Lanifícios. O ambiente frio produzido pelas enormes paredes graníticas vai aquecendo com as cantorias que os novos alunos da UBI ensaiam na Parada. Outrora este espaço pátio situado no coração da instituição de ensino superior era palco de paradas militares, por estes dias, são os caloiros a fazerem “continência”.
As praxes académicas são já uma tradição, mas nunca o debate em torno destas actividades e da forma como se desenrolam, esteve tão acesso. Todos os anos são conhecidos casos de “abuso” que os alunos mais antigos cometem perante os estudantes recém chegados às instituições. Casos que chegaram já a ganhar tamanha proporção que acabaram nas barras dos tribunais.
Contudo, as praxes continuam a ser “uma integração”. Quem o defende é Pedro Manquinho, Imperatorum da UBI. Este aluno de Engenharia Aeronáutica conta já com 14 matrículas, cifra suficiente para o colocar no lugar de “Imperatorum”, uma espécie de principal juiz num tribunal muito próprio que tem como propósito, “julgar” ou analisar os “casos” que têm lugar durante o período de praxes. A provar essa teoria, o aluno com mais matrículas na UBI diz que a praxe serve o propósito principal de “levar os caloiros a conhecer os locais que não conhecem, a fazerem novos amigos, a criarem um ambiente académico e uma nova família e isso nota-se pelas muitas pessoas que voltam à Covilhã já formadas, durante a “Recepção ao Caloiro” ou a “Semana Académica” e falam das saudades e das coisas boas que tiveram nesta universidade”.
Manquinho é o primeiro a concordar que “na praxe pode sempre acontecer um abuso”. Mas recorda também que “é por isso é que existem os códigos”. Para além deste conjunto de regras que existem para dar direitos a quem é caloiro “tenho notado bastantes diferenças naquilo que era a praxe no meu tempo e o que é a concepção de praxe e a condição dos praxandos e dos praxados dos tempos que correm”, sublinha o aluno de Aeronáutica.
Grande parte dos novos estudantes parece seguir pela mesma cartilha. São bem mais de duas dezenas, os caloiros de Design Industrial que num tarde soalheira da primeira semana de aulas aprendem as cantorias dos seus cursos. A opinião sobre as praxes sai quase como o hino da licenciatura que agora frequentam e em grupo dizem “gostar ou curtir” destes momentos, “do trabalho de grupo para a Latada” e das brincadeiras “que servem para começarmos a fazer amigos”. Por entre as muitas caras pintadas com cores garridas lá vai saindo “baixinho” uma ou outra opinião menos favorável de quem diz que “ninguém é obrigado a participar nas praxes, mas se não integra estes grupos depois também não pode viver muita da vida académica”.
Quem tem vindo também a seguir a situação de perto são os responsáveis pela Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI). Luís Fernandes, presidente deste organismo, lembra que “a AAUBI representa os alunos na universidade e por isso informa todos quanto aos seus direitos de alunos e quanto à praxe”. O primeiro alerta dado aos caloiros é precisamente o de apoio em todas as situações. “Caso eles sintam que alguém os está a incomodar, devem recorrer à AAUBI”, diz Fernandes. Uma informação que é passada “de parte a parte”. No “Kit Caloiro” estão informações para os novos alunos, e “em relação às pessoas que fazem as praxes, tentamos informá-los dos códigos e das regras que estão vigentes”. Actualmente a lei “vê a praxe, em certos aspectos, como crime. Daí que se deve ter muito bem a noção do que se vai fazer”, lembra o presidente da associação.
Este ano, a UBI recebeu, na primeira fase de acesso, perto de 1200 novos alunos. Durante a primeira semana, os alunos das 28 licenciaturas da instituição começaram já a receber os novos colegas, por enquanto “sem problemas”, confessam os membros da AAUBI.

> helenajsl @ gmail . com em 2008-10-01 13:45:43
Chamam integração ao facto de não deixarem os caloiros assistir a uma grande parte das aulas? A fazê-los estar até de madrugada na rua ou nos bares, sem poderem dormir para no dia seguinte terem condições de assistir ás aulas possíveis com um mínimo de condições fisicas?

> raiostapartam @ gmail . com em 2008-10-01 20:14:13
Admira-me ver alguns ditos veteranos a praxar, sem pose nenhuma mal vestidos e mal educados, a servirem de maus exemplos aos caloiros. Deve ser a unica altura do ano que podem se julgar superiores a outras pessoas.


As praxes continuam a ser tema de grande polémica
As praxes continuam a ser tema de grande polémica


Data de publicação: 2008-09-30 00:00:00
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