Crescer até quando?

Já são conhecidas as colocações de novos alunos no ensino superior. Dos 53.062 candidatos, 44.336 ficaram colocados numa das 50.219 vagas disponíveis nesta primeira fase. Em 1998, dos 52 652 candidatos foram colocados 37.901 nas 42 224 vagas disponíveis. Ou seja, numa década o número de candidatos cresceu cerca de 1 por cento enquanto as vagas aumentaram quase 20 por cento. As consequências deste desequilíbrio são bem visíveis no “mapa de vagas disponíveis” para a 2ª fase, com o Interior a destacar-se pela negativa. Embora a UBI tenha conseguido uma excelente taxa de colocação (91,9%), os dois Politécnicos da região ficaram aquém das expectativas, uma situação que se repete noutras escolas do interior.

Nos últimos anos acentuou-se a tendência dos alunos optarem pelas escolas mais próximas da sua área de residência ou pelas que se localizam nos grandes centros urbanos. As escolas do Interior conseguem captar os melhores alunos das suas regiões, mas isso não é suficiente, pelo que dependem da capacidade de atrair jovens de outras regiões mais populosas. A aposta num ensino de qualidade não resolve o problema da falta de alunos, pois basta comparar as avaliações feitas aos cursos com a procura desses mesmos cursos para se perceber que a qualidade não é um factor muito valorizado pelos candidatos. Por isso a solução do problema depende mais das políticas governamentais do que das estratégias das escolas.

As instituições de ensino superior são importantes para o país, mas também para as regiões onde estão inseridas. Em cidades de média dimensão, como Covilhã, Guarda ou Castelo Branco, são mesmo o verdadeiro motor das economias locais. É bom que o Governo repense a política de crescimento do Ensino Superior antes que seja tarde.