O mês de Agosto que não foi o mês tradicional dos grandes calores, trouxe-nos menos incêndios mas foi fértil em crimes que inundaram os telejornais e as manchetes da grande imprensa diária. Os Jogos Olímpicos de Pequim impecavelmente organizados com uma encenação que depois se revelou falseada, dominaram a actualidade.Portugal ganhou duas medalhas, uma de prata outra de ouro mas isso não obstou a que chovessem muitas críticas sobre a prestação em geral dos nossos atletas. Sobretudo são de lamentar declarações muito infelizes que sabem a desculpas de mau perdedor. Afinal, o Governo investiu 14 milhões de euros para tão magros resultados.Dizer que “as africanas são mais fortes, não vale a pena lutar contra elas”, “não sou muito dada a este tipo de competições”, “de manhã só é bom na caminha” e “ a égua entrou em histeria com medo do ecrã” não fica bem a um atleta de alta competição. As observações da Vanessa Fernandes embora de crítica para colegas, põem o dedo na ferida: “ A alta competição não é uma brincadeira, não é fazer meia dúzia de provas e andar receber uma bolsa e está feito. Isto é como um trabalho.” Rosa Mota referiu um frase ouvida em Pequim: “Os nossos atletas tiveram excesso de passerelle antes dos Jogos quando deviam estar concentrados no treino”.O que faltou aos nossos atletas, foi não só a ambição mas também falta de rigor e sobretudo exigência e espírito de sacrifício. A cultura de ter só direitos deve mudar para os deveres com a autocrítica necessária. A sociedade portuguesa lida mal com a autocrítica mas é preciso acabar com as invejas e instalar nas mentalidades uma cultura baseada nos padrões de excelência. Aliás, o presidente da Federação Portuguesa de Natação e antigo nadador olímpico ao explicar as medalhas de ouro de Phelps resume: “ É muita força mental, muito sacrifício, muita ausência, muitas privações e muito trabalho”.Um estrangeiro que aterrasse em Portugal, visse os telejornais e lesse a imprensa portuguesa pensaria que estava num país sem lei nem roque, sem ordem e autoridade, numa verdadeira selva. Assaltos a bancos à mão armada, a carrinhas de valores, a gasolineiras e até a restaurantes tinham uma exposição mediática fora do comum. Portugal - é verdade que deixou de ser o país de brandos costumes - mas daí a dizer que todo o País está inseguro, há um exagero. O problema é que o crime violento aumentou só num ano dez por cento. E está a atingir o nível de outros países que já se confrontam com esta questão há mais tempo.A mudança da prisão preventiva põe na rua delinquentes que repetem os crimes. E a brandura das penas dos juízes dá uma ajuda. Afinal, temos uma média de um polícia por 220 habitantes. Mas muitos estão ocupados em burocracias nas esquadras. Também neste assunto impõe-se lutar contra o laxismo e promover a exigência.Exigência quer igualmente o bispo da Guarda D. Manuel Felício na formação dos cristãos na diocese. Em duas homilias consecutivas, uma em Fátima e outra em Manteigas apelou à formação permanente da fé. Aliás, desde que chegou à Guarda como bispo diocesano, D. Manuel Felício tem insistido neste tema. E promoveu os cursos de formação cristã ou seja a catequese dos adultos que já vão no terceiro ano com base no Catecismo Católico.Hoje, os cristãos adultos precisam de ser reciclados neste mundo pluralista e de contrastes em que se impõe a vivência da fé como testemunho permanente. Que tristeza quando se celebra um matrimónio, baptismo ou funeral muitos dos ditos cristãos nem sequer sabem as respostas mínimas.A revigoração da fé apresenta-se como um dado fundamental nos tempos modernos. A participação nos cursos de formação é o caminho de exigência a seguir.
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