E tudo a “Estrela” mudou
A 70ª edição da Volta a Portugal em Bicicleta voltou a percorrer as estradas da região. No passado sábado, 16 de Agosto, o Alto da Torre, no topo da Serra da Estrela voltou a ser palco de mais um final de etapa. O Maciço Central, como já era de prever, atraiu muitos simpatizantes da modalidade e mudou por completo a classificação geral da prova.
> Eduardo AlvesMais uma vez as estradas da Beira Interior revelaram-se decisivas no que diz respeito à escolha de um vencedor da Volta a Portugal em Bicicleta. Foram três etapas no meio da 70 ª edição que marcaram a revelação do actual camisola amarela, o primeiro abandono definitivo de um ciclista e a dureza da prova.
Para além da competição e do desporto, existe também uma forte presença do público nas etapas que têm lugar na região, sobretudo, quando a prova passa pelo ponto mais alto de Portugal Continental, o “Alto da Torre”. Este ano, logo na terceira etapa, os ciclistas tiveram como meta o alto do Maciço Central e a festa só não foi maior devido a um temporal que se abateu na zona mais alta de Portugal.
Desde cedo que muitos se fizeram à estrada para encontrar o melhor lugar no “Alto da Torre”. Mas as condições climatéricas no topo de Portugal Continental não condiziam com o dia de Verão, em pleno mês de Agosto. Durante toda a manhã, a zona da chegada da terceira etapa da Volta a Portugal esteve envolta num forte nevoeiro, a que se seguiram períodos de chuva e de vento. Muitos dos simpatizantes da modalidade acabaram por desistir do local da meta e descerem mais uns quilómetros, em direcção ao Sabugueiro e a Seia, de forma a conseguirem um local mais aprazível. Para os resistentes, porque nestas coisas eles sempre se encontram, as lojas de artesanato e produtos regionais, e um restaurante serviram de porto de abrigo, bem como, alguns cobertores típicos dos trajes pastorícios destas paragens.
Na estrada, a Volta começava a desenrolar-se às 12.30 horas, em Idanha-a-Nova. O pelotão que rolou a primeira hora de prova bastante compacto, tinha então 171,5 quilómetros para percorrer até ao topo de Portugal. Mas se na meta o Sol brilhava e elevava as temperaturas até aos 25 graus centígrados, na chegada, a chuva e o vento pareciam não dar tréguas e colocavam os termómetros nos 10 graus centígrados. Para além das condições climatéricas adversas, os ciclistas tinham ainda de percorrer o mais desgastante circuito da prova. A subida até ao “Alto da Torre apresenta inclinações que chegam a ser superior a dez por cento, com os homens das bicicletas a atingirem os mil metros de altitude pouco depois de passaram Seia e a chegarem perto dos dois mil, trinta quilómetros mais adiante, já na meta. Trinta quilómetros sempre a subir com um tempo de Inverno e vento contrário.
Um conjunto de condições que haveriam de dar ainda ênfase à vitória alcançada por Rui Sousa, ciclista da Liberty. Depois de um quinto e de um terceiro lugar nas etapas de voltas anteriores que terminaram na Torre, desta vez o atleta nortenho não deixou escapar a vitória no ataque à alta montanha. Duas semanas antes de ter começado a prova, Sousa treinou no Maciço Central e desde cedo que essa preparação se começou a notar. Logo depois da primeira hora da etapa, o ciclista da Liberty integrou um grupo de sete corredores que se distanciaram do pelotão. Desde Castelo Branco até ao Alto da Torre, Sousa nunca mais se deixou apanhar.
No final da dura etapa, onde se registaram as primeiras três desistências desta prova, o ciclista da Liberty dedicou a vitória “a toda a equipa”. Rui Sousa, em declarações ao site oficial da Volta a Portugal explica que sempre foi um ciclista que trabalhou “em prol dos colegas e hoje calhou-me a mim a vitória”. Ao cortar a meta com mais de um minuto e meio de avanço sobre o segundo classificado, Rui Sousa ganhou também a camisola amarela e passou a liderar a prova. Na etapa seguinte, uma prova que também decorreu em terras beirãs, os ciclistas percorreram as estradas entre Guarda e Viseu, sem que se tivessem registado alterações na tabela classificativa. A etapa da Senhora da Graça, no próximo sábado, 23 de Agosto vai ser a definitiva para quem quiser vencer esta 70 edição da Volta. Muitos apostam já no “herói da Estrela”, Rui Sousa.
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