O segredo das temperaturas
É no pico do Verão, quando os termómetros atingem os máximos que as alterações climatéricas tendem a ser analisadas e discutidas. Expressões como “Efeito de Estufa”, “Camada do Ozono” e “Gases nocivos para a atmosfera” estão agora também em grande destaque.
> Eduardo AlvesAo contrário do que se possa imaginar, o “Efeito de Estufa ” é essencial à vida humana. Quem é diz é António Rodrigues Tomé, professor do Departamento de Física da UBI e investigador da área.
O docente adianta contudo, “que existe um efeito de estufa natural”. Fenómeno sem o qual, a temperatura à superfície da Terra rondaria os 15 graus negativos. Contudo, o uso pouco preciso desta designação levou a que fosse tomada pelo senso comum, como algo prejudicial. António Tomé sublinha então que sem o “Efeito de Estufa” natural, “não haveria um equilíbrio nas temperaturas entre a atmosfera e o interior do planeta, situado ao nível da superfície terrestre”, como actualmente se verifica. Este efeito é provocado pelo vapor de água, o qual é responsável “pela absorção de radiações ultra-violeta”.
Mas, a radicação solar “tende também a emitir alguns raios que conseguem passar esta barreira natural que protege a Terra”. O problema parece não estar no facto desses raios conseguirem chegar até à superfície do planeta, mas sim “nos gases nocivos que são lançados para a atmosfera e que retêm essas mesmas radiações”, esclarece o investigador.
O Dióxido de Carbono (CO2) e muitos outros gases semelhantes são os principais responsáveis por “fecharem aberturas naturais que existem nas camadas que envolvem o planeta”, tal como mostra a infografia. Desta maneira, “uma coisa pode ser avançada com toda a certeza: a temperatura média da Terra está mesmo a aumentar”. Tudo isto se consegue verificar através de modelos induzidos. Estas formas de investigação são cenários produzidos em laboratório e que levam em conta todas as leis da Física. Desta forma “podemos diagnosticar melhor as situações de alteração climatérica”.
António Tomé alerta para facto de todos estes assuntos que estão agora em voga na agenda mediática e que dizem respeito ao degelo dos pólos, à subida do mar, à poluição e ao “efeito de estufa”, são estudados há várias décadas por cientistas. Mesmo com os estudos existentes “apenas podemos dizer que o clima está a mudar e que os gases lançados para a atmosfera contribuem para isso”. O docente da UBI adianta que “há alguns anos o Hadley Center fez uma experiência bastante interessante que consistia em utilizar modelos que permitem prever cenários para o Século XX e experimentar o estado da atmosfera na época pré Revolução Industrial e no pós Revolução Industrial”. Aquilo que se observou foi que os modelos e as evoluções de temperatura “são normais quando não se incluem gases como o CO2”. Na presença deste e de outros semelhantes “as temperaturas aumentam, tal como se verifica actualmente”.
Os muitos estudos feitos e a capacidade científica adquirida “ainda não são suficientes para apontar cenários precisos”, garante Tomé. Este investigador mostra que mesmo assim, “hoje este tema já preocupa mais as pessoas”. Promover atitudes de preservação da natureza, reduzir as emissões de gases nocivos para atmosfera e trabalhar no sentido de respeitar o planeta são algumas das soluções possíveis.
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