UBI apoia vestuário tecnológico
Duas alunas da Escola Tecnológica da Beira Interior (ESTEBI) da Covilhã venceram o concurso “Conceitos de Moda e Arquitectura Têxtil para Protecção UV”. Um chapéu com várias aplicações, desenvolvido em várias empresas da região e nas oficinas do Departamento de Ciência e Tecnologia Têxteis da UBI, foi o escolhido pelo júri.
> Eduardo AlvesDora Manso e Carina Vinagre estão a terminar o estágio que faz parte do Curso de Especialização Tecnológica (CET) em Ultimação Têxtil (nível IV) leccionado na ESTEBI da Covilhã. As duas jovens decidiram juntar todos os conhecimentos que foram adquirindo ao longo dos últimos tempos nesta formação e concorrerem ao desafio lançado pelo Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (CITEVE) e pela Associação Portuguesa do Cancro Cutâneo (APCC).
O objectivo do desafio lançado a nível nacional passava por incentivar estudantes e profissionais de diversas áreas, como a têxtil, a moda, a construção civil ou a arquitectura a conceberem objectos com uma maior protecção dos raios ultravioleta. Os promotores esperavam com este concurso alertar para os perigos de uma exposição solar prolongada e desprotegida e incentivar a experimentação criativa, através da apresentação de novas ideias, novos conceitos tecnológicos e de design, originais e inovadores, para a protecção contra os raios UV. As duas finalistas da ESTEBI inscreveram-se no concurso e conseguiram o primeiro lugar com um chapéu multiusos capaz de proteger diversas zonas do corpo.
Um objecto que “tivemos em mente desde o início”, confessa Dora Manso. Segundo esta jovem natural de Cantanhede, “a escolha recaiu sobre esta peça porque é uma das que mais partes do corpo humano consegue proteger”, explica. De entre um vasto leque de novidades apresentadas por este objecto vencedor, Carina Vinagre, a outra autora do projecto, destaca “a pala panorâmica e o tecido especial”. Com o apoio de vários docentes da UBI e da ESTEBI, as duas jovens conseguiram encontrar diversos filtros solares que são acoplados à parte frontal do chapéu “e funcionam como protectores do rosto e dos olhos”. Depois, a Beiralã concebeu também “um tecido especial composto por algodão e lã”, cujo factor de protecção supera os 50 pontos, “o máximo até agora alcançado por outros tecidos”.
Para além destas inovações, “todo o chapéu foi concebido de forma a poder ser confeccionado em série”, adianta Ivone Braga. Esta engenheira têxtil, licenciada na UBI, lecciona a cadeira de Tecnologia de Confecção no CET da ESTEBI e garante que “desde o início tivemos a preocupação de dotar o objecto que estávamos a fazer, de características que permitissem a sua produção e comercialização”, remata. Por enquanto, as duas autoras ainda não têm uma resposta final em relação a esse assunto, mas garantem que já foram contactadas por diversas empresas para a venda do modelo.
Mas para além de premiar o trabalho destas duas jovens, “esta vitória deve-se também a um conjunto de entidades, onde se inserem professores e empresas locais e nacionais, como a Beiralã, a Haco Etiquetas, a Alçada e Pereira, a UBI e muitas outras entidades”, lembra Rui Miguel, coordenador pedagógico da área têxtil da ESTEBI. O também docente do Departamento de Ciência e Tecnologia Têxteis sublinha que este projecto e o bom resultado alcançado no desafio nacional “é resultado de uma riqueza multidisciplinar e multienvolvente que estes projectos têm”. Isto porque, segundo o mesmo “existe muita dedicação à escola e aos projectos, quer por parte dos alunos, mas também dos formadores e das empresas”.
Este docente da instituição covilhanense utiliza o exemplo das duas jovens para lembrar que “o futuro deste sector passa pela qualidade na formação e também por este tipo de projectos, não numa perspectiva de “salvação” de mercado ou de negócios, mas como forma de introduzir e desenvolver as potencialidades da I&D nas empresas, numa lógica de cultura da inovação”, conclui.
Para além de Rui Miguel e de Ivone Braga, colaboraram também no projecto a designer e formadora da ESTEBI, Cristina Reis, directora da AFTEBI, Teresa Raquel e Elisabete Pereira.
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