Voltar à Página da edicao n. 441 de 2008-07-08
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> <strong>José Geraldes</strong><br />

O absurdo da despromoção da PSP e a crise

> José Geraldes

Há decisões governamentais que não se percebem. O caso da despromoção da Secção da PSP da Covilhã a esquadra nem ao diabo lembra. E não faz qualquer sentido.
Temos o direito de exigir do poder central que explique as razões que levaram a esta decisão. Em comparação com outras cidades promovidas, não se vislumbra qualquer lógica.
Nem a Covilhã aceita tal despromoção que é uma humilhação para as nossas gentes. Ainda por cima depois da construção do novo edifício todo moderno.
A título de exemplo, Tomar com uma população de 15 800 habitantes e Chaves com 17 500 entram na lista das cidades promovidas. A Covilhã com 36 000 habitantes e 53 501 no concelho desce de posto.
Que critérios foram seguidos? A Covilhã, cidade universitária, pólo industrial, pólo turístico, principal porta de entrada para a Serra da Estrela, com a A23 fica sem polícia de trânsito e investigação criminal?
Parece que estamos no mundo do surrealismo ou trata-se de um processo kafkiano.
Os senhores que tomaram tal decisão não conhecem o País real.
Uma vez que se trata de uma decisão política, há que alterá-la o mais rapidamente possível e sem concessões. A decisão da despromoção é, pura e simplesmente, um absurdo.
A crise instalou-se e veio para ficar. Mas trata-se de uma crise com paradoxos e particularidades curiosas. Vejamos.
Segundo os dados disponíveis de Abril, as dívidas no crédito no consumo subiram 27 por cento. E não se verificam sinais de abrandar. O crédito mal parado cresceu 16 por cento e 52 por cento do orçamento familiar vai para os créditos. Deste orçamento, 10 por cento é para restaurantes e cafés.
Aliás, as famílias em dificuldades, têm três créditos: casa, carro e créditos pessoais. A procura de férias de sonho está a diminuir. Nota-se menos entradas de automóveis em Lisboa.
Ao mesmo tempo, o número de ricos em Portugal está a aumentar. Os portugueses com mais de 642 mil euros passaram de 11 400 para 11 600.
Assim se explica que artigos de luxo são procurados com uma avidez extrema. E com preços que davam para passar umas boas férias.
Um casaco de marca inglesa Burberry custa 3960 euros. Uma carteira de marca Nancy Gonzalez de pele de crocodilo anda pelos 4625 euros. Uma bracelete Cartier chega aos 6800 euros. Uma carteira Cristian Dior, de peles incrustadas não é vendida por menos de 6389 euros. A bracelete Manchette Fleur da Louis Vuitton atinge a soma de 130 mil euros.
A maioria destes artigos está em lista de espera. Por aqui se vê que para os ricos não há crise. E poder de compra até está em alta.
A classe média é que está a empobrecer de forma assustadora. E já se tornou numa evidência de La Palisse que Portugal tende a ficar sem classe média, o que é um perigo para a democracia. Estamos a entrar num ciclo social típico da América Latina com todas as consequências conhecidas.
Felizmente pertencemos à União Europeia que não permite devaneios de desestabilização. Mas o fosso que se abre cada vez mais com maior profundidade entre ricos e pobres cria um mal-estar na sociedade portuguesa.
A culpa não pode ser toda recair no preço do petróleo. O encerramento das empresas deixou muita gente no desemprego. A deslocação das fábricas é outro factor a ter em conta.
As famílias com a ilusão de sermos um país rico adoptaram um estilo de vida que agora se revela problemático. Mas tem de haver uma solução. Nem o País pode continuar neste estado que leva a depressões e estados de angústia.


Data de publicação: 2008-07-08 00:00:00
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