Bloquistas esperam esclarecimentos sobre a Delphi
A Assembleia Municipal da Guarda rejeitou na passada semana, por maioria, uma moção apresentada pelo Bloco de Esquerda (BE) onde eram pedidas informações ao ministro da Economia sobre as medidas tomadas para “impedir” o despedimento de trabalhadores da fábrica Delphi.
> Notícias da CovilhãA fábrica da Guarda que produz componentes para automóveis poderá despedir, entre Julho e Dezembro, cerca de metade dos seus mil e 60 trabalhadores.
O deputado do BE na Assembleia Municipal, Jorge Noutel, preocupado com a situação, deu conta que a falta de informação sobre o futuro dos operários está a originar “situações de depressão e instabilidade emocional” e apresentou a moção que foi rejeitada. No documento, o deputado solicitava a intervenção do presidente da Câmara, Joaquim Valente, e defendia que “as suas acções e resultados sejam tornados públicos”.
Também era pedido ao ministro da Economia, Manuel Pinho, “informação sobre as medidas que estão a ser desenvolvidas para procurar impedir mais uma vaga de despedimentos no interior do País, com gravíssimas consequências sociais e qual o plano do Governo para apoiar os trabalhadores”. O deputado deu conta que a falta de informação sobre a situação da empresa, por parte de entidades com responsabilidades no assunto, “está a causar grande perturbação e instabilidade”, daí a proposta apresentada.
A moção foi rejeitada com os votos contra da maioria do PS na Assembleia Municipal da Guarda, presidida pelo socialista João Agostinho de Almeida Santos.
O PS, pela voz do deputado João Pedro Borges, que manifestou solidariedade para com os trabalhadores, justificou o chumbo da moção “pela forma como é feita”, embora considere que o assunto “é um drama social que a todos tem preocupado”.
“Tudo faremos [o PS] para manter os postos de trabalho na Delphi, durante muitos e bons anos”, afirmou, considerando ter “a certeza” que o presidente da Câmara e o Governo “tudo farão para manter e, porventura até, aumentar os postos de trabalho”.
“Algumas unidades da Delphi já fecharam neste País e a da Guarda ainda não”, observou.
Por sua vez, o deputado do PSD João Prata, justificou o voto favorável da bancada do seu partido por considerar que o assunto da Delphi “é importante para a cidade e para o Concelho”. E admitiu que caso não seja possível assegurar a continuidade dos postos de trabalho, o Governo deverá anunciar “mais coisas” para além da atribuição dos subsídios de desemprego.
“Percebemos que os trabalhadores da Delphi e as suas famílias deveriam justificar alguma informação por parte do presidente da Câmara, no sentido de perspectivarem as suas vidas, tanto no sentido positivo, como no negativo”, disse Álvaro Estêvão, do CDS-PP, bancada que votou ao lado do BE.
Na sua intervenção, o presidente da Câmara, Joaquim Valente, garantiu que, a favor da continuidade dos postos de trabalho “temos envolvido pessoas com mais responsabilidades do que nós”.
“Mas que ninguém me convide para vir para a rua assobiar e fazer alarido”, disse.
“Fazemos tudo o que podermos para assegurar as actividades económicas” da cidade, garantiu o socialista, referindo que a fábrica da Guarda “foi sempre uma unidade de referência” graças “ao mérito dos trabalhadores”.
E adiantou que o Governo e a administração da Delphi “estão a fazer um esforço [para evitar os despedimentos] na sequência da qualidade dos serviços prestados pelos trabalhadores”.
Na Assembleia Municipal estiveram representantes da comissão de trabalhadores que questionaram o presidente da Câmara sobre uma eventual alteração do uso dos terrenos onde a fábrica está instalada, na Guarda-Gare, para um fim diferente do industrial.
O autarca Joaquim Valente respondeu que “quer no Plano Director Municipal que ainda está em vigor, quer no próximo, o uso previsto naquele espaço é, e continuará a ser, para uso industrial”.
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