Câmara e Sindicato de Polícia contra Governo
A mais recente portaria do Governo em relação à PSP caiu que nem uma bomba na Covilhã. A maior cidade da Beira Interior vê a sua força policial ser remetida a “mera esquadra”. Autarquia e sindicato de profissionais de polícia mostram-se contra.
> Eduardo AlvesDesde o passado dia 18 de Junho que a portaria 434/2008 veio mudar as competências da esquadra da Polícia de Segurança Pública da Covilhã. Segundo a Câmara Municipal da Covilhã, as novas orientações do executivo governamental, a representação covilhanense da PSP vai conhecer “uma cessação das acções inerentes à gestão do trânsito e da investigação criminal na cidade e, a médio prazo, a redução do efectivo policial, quer ao nível de oficias quer de agentes”.
Uma decisão que veio cair mal quer no seio da autarquia, quer também, nos próprios agentes da polícia e na delegação da Covilhã/Castelo Branco do Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP-PSP). Até porque, a mesma portaria confirma as esquadras de trânsito e investigação criminal, entre outras cidades, em Castelo Branco, Guarda, Chaves, Torres Novas, Figueira da Foz e Alcobaça.
No entender da autarquia serrana “com esta decisão, o governo denota uma notória incapacidade para melhorar o que está mal e, ao mesmo tempo, uma reiterada tendência para extinguir o que funciona bem, como é o caso das esquadras de trânsito e investigação criminal da PSP/Covilhã”. O documento assinado por Carlos Pinto, presidente da Câmara da Covilhã, vai mais longe e afirma mesmo que “uma vez mais, fica bem patente a pesporrência do governo ao legislar por portarias, sem consulta às populações e aos seus representantes”.
Um documento que pretende demonstrar “o nosso repúdio pela decisão do governo e através do qual iremos apresentar um veemente protesto junto do Primeiro-Ministro e do Presidente da República”, adianta o social-democrata Carlos Pinto. O autarca sublinha que “esta decisão foi tomada com base em grosseira ignorância quanto á realidade urbana do País e discriminação intolerável entre cidades de perfil semelhante”, uma vez que “não lembrava ao diabo travestido de ministério da administração interna, julgar que em Castelo Branco e Guarda o trânsito é muito intenso e justifica esquadra de trânsito e que na Covilhã estamos no tempo da caleche, que torna aquela dispensável”, remata.
Quem parece estar ao lado da autarquia é o Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP-PSP). A delegação da Covilhã/Castelo Branco já fez saber que “manifesta total incompreensão e repúdio pelo facto desta portaria definir para a PSP da Covilhã a categoria de esquadra”. Segundo Leonel Silva, responsável sindical, este acto não é mais do que passar à “subunidade operacional mais baixa de toda a estrutura policial e surge precisamente no momento em que aquilo que se esperava, e desejava, é que lhe fosse conferida a categoria de Divisão”.
O sindicato lembra que as actuais instalações foram projectadas para acolher a estrutura de divisão, “tendo a área de jurisdição da PSP covilhanense sido alargada incluindo agora a totalidade das freguesias de São Pedro e Santa Maria”. Leonel Silva é peremptório e diz mesmo que “com esta portaria, perde a PSP, perde a cidade e perde a segurança”. Na óptica deste responsável sindical, a cidade serrana “exige uma PSP com uma estrutura orgânica adequada à sua realidade, com uma esquadra de investigação criminal, com uma esquadra de trânsito e com uma outra de âmbito mais genérico, com estruturas devidamente apetrechadas e com os necessários meios humanos e materiais”.
Segundo esta força sindical, toda esta estrutura é já uma realidade, contudo, a portaria agora publicada vem anulá-la.
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