Voltar à Página da edicao n. 440 de 2008-07-01
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> <strong>Luís Fernandes</strong><br />

Um problema de liderança

> Luís Fernandes

Sinto que Portugal precisa de formar melhor os seus líderes. No que toca à liderança e o que é ser um líder nos dias de hoje e atendendo às constates mudanças que nos vamos deparando, há que dar especial relevo a outras formas de liderar, longe daquelas a que o líder convencional estava habituado. É preciso que a liderança do futuro se comporte como uma liderança que motive que haja e actue como parte integrante do grupo que lidera. É necessário ser mais exigente, ter uma estratégia correcta e cultivar um espírito de meritocracia ao invés de valorizarmos o "factor C" e o "chico-espertismo". Se queremos que haja por parte dos jovens recém-formados, um maior respeito, valorização e entendimento para com os líderes actuais. Terá então de haver uma maior transparência do trabalho desenvolvido pelos líderes e uma menor endogamia, permitindo a que os jovens possam ter um papel preponderante na construção de estratégias promissoras ao desenvolvimento do país.
A questão que eu coloco é: será que estamos a definir bem esse trajecto? Quanto a mim não! Exemplo disso é a forma como foram conduzidos os estatutos da nossa universidade. Trata-se do caso mais próximo de centralização de poder que nós estudantes ubianos podemos observar.
Muitas vezes fiz uso da palavra nas várias sessões de apresentação dos estatutos da Universidade em que pude estar presente. Manifestei o meu desagrado quanto à forma como era eleita a figura do Provedor do Estudante e requeri uma maior autonomia para este, para que no futuro pudesse ajudar a AAUBI a assinalar e reportar problemas que a instituição tem e venha a ter. Contudo o meu pedido para que fossem os estudantes a eleger com uma maior autonomia da figura do Provedor do Estudante, não foi sequer discutido.
Coloco igualmente a questão: Será que os empregadores actuais valorizam os recém-licenciados? A resposta é não, por isso vejo muitos jovens portugueses a preferirem ir para o estrangeiro, onde recebem formação e modelos de organização empresarial muito mais apelativos e promissores, para além de auferirem ordenados mais justos do que o
que receberiam em Portugal.
O país não se mobiliza com retórica mas sim com trabalho e rigor. Portugal atravessa um grave problema e sabemos que as reformas feitas com o objectivo de que agora pudéssemos atravessar um bom período foram mal conduzidas. Faço um apelo a que muitos dos meus colegas tenham uma experiência internacional e valorizem o seu CV bem como usufruam de uma experiência que os enriqueça, e os melhor prepare para o futuro incerto que os espera. Para que igualmente possam analisar as diferenças constantes de desenvolvimento estratégico que o nosso país e instituições têm com outros países da União Europeia.
Quando folheio os jornais costumo fazer uma distinção dos artigos entre bom artigo e mau artigo, para assim poder decidir qual o Jornal que ao ler me vai trazer uma informação mais rigorosa e me torne um indivíduo mais preparado para o dia a dia. E é bem fácil de o fazer basta ver os títulos, um que traga títulos populistas e sensacionalistas nunca será a minha opção de leitura, contudo por vezes a mente humana perde-se em futilidades e assim sendo também eu caio nessa desgraça. Para além das notícias sensacionalistas de mortes e violações, deparamo-nos imensas vezes com outro tipo de notícias que nos fazem ficar preocupados e atormentados levando a que a nossa vida seja de alguma forma condicionada por um mal que veio para ficar. Falo-vos por exemplo do aumento continuo dos preços do petróleo, do aumento da criminalidade e da injustiça social e aquele que nos toca mais directamente o problema da educação. E quando nos deparamos com ele, muitas ideias são lançadas para a mesa da discussão, e logo à cabeça vem que o problema da educação é eliminado com
um aumento do financiamento às instituições de ensino. Contudo o problema da educação é um problema estrutural, por mais dinheiro que se invista na educação hoje em dia, pouco fará para que haja uma melhoria significativa da educação e formação dos alunos. A solução passa pelo reeducar quem educa. Portugal não padece apenas dum atraso económico, padece de um atraso cultural de uma identidade que só se vê
quando a selecção nacional de futebol entra em campo. Por vezes assisto professores, a ficarem desmoralizados com o facto de haver alunos que não sabem se dirigir ou não sabem fazer um cálculo simples. Pois bem há muitos culpados nisto tudo. O aluno por não ter ambição e vontade em aprender, os pais por não incutirem valores de responsabilização no filho, os formadores por se desresponsabilizarem da educação que acham que não é da sua competência, a instituição por orientar modelos de educação
desadequados e o estado por criar estratégias e reformas que em nada respondem ao "handicap" que atravessamos, serão sempre os principais responsáveis.
Caros colegas, somos os futuros líderes e empreendedores do futuro que se avizinha, faço um apelo à vossa perseverança, proactividade e dinâmica, e que de alguma forma consigamos mudar o rumo incerto que este país toma.
Sucesso nos exames e boas férias.

Luís Fernandes, Presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior


Data de publicação: 2008-07-01 00:00:00
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