Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 436 de 2008-06-03 |
Transportadoras regionais “atestam” em Espanha
Uma empresa de transporte de mercadorias sedeada em Vilar Formoso, Almeida, poupa entre "15 a 18 mil euros por mês" por abastecer a frota em Espanha, disse à Lusa uma responsável.
> Notícias da CovilhãSegundo Matilde Afonso, chefe de tráfego da empresa Matertir, instalada no Parque Industrial de Vilar Formoso, com uma frota de 32 camiões, "todos os abastecimentos de combustível são feitos em Espanha". A Matertir faz transportes para Itália, França, Holanda e Bélgica, adiantando a responsável que os motoristas também reabastecem em França "mas só mesmo para chegar novamente a Espanha". "Em Portugal nada, só [é feito algum reabastecimento] se faltar o gasóleo por alguma razão", justifica.
Recorda que a empresa "tinha uma bomba de abastecimento própria mas deixou de ser utilizada há cerca de três anos, logo que os preços dos combustíveis começaram a disparar" em Portugal.
A chefe de tráfego da Matertir garante que desde essa altura "passou a compensar mais abastecer em Espanha". E garante que os motoristas têm ordens nesse sentido e "não podem meter gasóleo em Portugal". "Se isso acontecer, têm que justificar", afiança.
"Isto é triste, mas é a realidade", refere Matilde Afonso, indicando que com esta decisão a sua empresa regista "entre 15 a 18 mil euros, por mês, de poupança" em combustíveis.
"Anteriormente enchíamos aqui [em Portugal] os depósitos e os motoristas, em Espanha, metiam só o que tinham gasto e agora não, fazemos lá a totalidade" dos abastecimentos, frisa.
A Intertir, outra empresa do sector instalada na vila fronteiriça de Vilar Formoso, que tem "14 camiões permanentemente na estrada", não tomou uma decisão tão radical.
O empresário Victor Santos afirma à Lusa que os abastecimentos "são feitos na Europa" e "a menor parte em Portugal". "Os abastecimentos são feitos onde é preciso", justifica, indicando que "os motoristas levam cartões de abastecimento próprios" que utilizam nos países europeus por onde passam. Contudo, Victor Santos admite que com os abastecimentos efectuados em Espanha "poupa-se sempre mais alguma coisa" do que nos restantes países. "Se um camião, ao sair de Portugal, não tiver combustível para chegar a Espanha, abastece cá", conta, assumindo que, no caso da Intertir, não existem preocupações expressas para encher os depósitos no país vizinho.
Em média, os valores dos preços do gasóleo praticados em Portugal e na zona fronteiriça de Espanha, registam uma diferença de quinze cêntimos. "Os combustíveis são mais caros para a zona de Salamanca [Espanha] do que aqui mais perto da fronteira. Na zona raiana são mais baratos por causa da concorrência", adianta à Lusa Alfredo Quintão, funcionário de uma gasolineira de Vilar Formoso. Recorda que "há cerca de cinco anos, os combustíveis eram mais baratos em Portugal, à volta de quinze escudos [0,075 cêntimos]" e que nessa época "os espanhóis vinham aqui meter gasóleo e gasolina". "O problema em Portugal tem a ver com o ISP [Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos] que é muito elevado e o Governo tem que rever rapidamente a situação, porque se o baixasse, as pessoas já não iriam tanto a Espanha", defende.
"O ideal era que o Governo visse esta situação ao longo de toda a fronteira, porque verifica-se uma concorrência feroz", defende António Filipe, responsável por uma gasolineira naquela vila fronteiriça do distrito da Guarda.
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