Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 434 de 2008-05-20 |
Mar português estudado na Covilhã
A UBI integra um conjunto de instituições que pretendem criar uma rede de competências em Biónica focada no cluster do mar na região centro de Portugal. Analisar as estruturas orgânicas presentes na natureza e aplicar as suas características à indústria é o principal objectivo desta iniciativa.
> Eduardo AlvesBioma é o nome da Rede de Competências em Biónica sobre as Ciências da Mar na Região Centro de Portugal que vai agora nascer. Este novo projecto tem como principal meta “a criação de uma rede de âmbito regional, focada no cluster do mar da região centro”, pode ler-se no documento de apresentação desta iniciativa. O principal promotor é o Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (CITEVE), mas a este juntam-se mais seis entidades, entre elas a UBI, através da sua Oficina de Transferência de Tecnologia e de Conhecimento (OTIC).
Até há bem pouco tempo ninguém iria imaginar que um estudo mais aprofundado aos tubarões poderia resultar no aperfeiçoamento dos fatos de natação para atletas de alta competição. Como também seria um conjunto muito restrito de pessoas a pensar que a Flor de Lótus está na origem de novos acabamentos para superfícies têxteis que permitiram produzir tecidos auto-repelentes. É precisamente nestas áreas que entra a Biónica. Estudar e aprender com os seres algumas das suas características e capacidades de adaptação à natureza está pois no cerne desta ciência.
Criar uma rede de entidades que estudem e divulguem o potencial biónico do mar português é também uma das metas de todos os parceiros que compõem este projecto. Para além das diversas pesquisas e divulgações, a aplicação académica e o subsequente desenvolvimento de projectos industriais são também objectivos do Bioma. Nesta medida, o estabelecimento de uma rede entre os parceiros e possíveis interessados irá também servir como plataforma de promoção de conhecimento e de inovação com enfoque no mar, “sendo esta a fonte de ciência, que tem nos materiais têxteis o alvo tecnológico”, adiantam os membros que desenharam o projecto. Acrescentando também que “será desejável que o conhecimento que vier a ser gerado neste contexto seja canalizado para iniciativas a desenvolver no âmbito de clusters como os da saúde, habitat e mobilidade. Nestas circunstâncias, pretende-se partilhar também com outros domínios tecnológicos o conhecimento que vier a ser construído que extravase o âmbito inicialmente proposto”.
Existe pois, todo um conjunto de novas áreas onde o Bioma pode actuar. Desde a criação de novos tecidos, ou características específicas para os têxteis, à aplicação de novas técnicas e compostos na medicina, na engenharia e em muitos outros campos. Todo o conhecimento que vier a ser gerado “como fruto do envolvimento desta rede, deverá ser capaz, a longo prazo, de ser transformado em produtos e serviços, no contexto de iniciativas apropriadas para esse tipo de projecto”, sublinham os membros do Bioma.
Para além das áreas de investigação, o projecto pretende ainda criar um portal de informação e conhecimento da Rede de Biónica. Um local onde se possam reunir todos os envolvidos nesta rede biónica e os possíveis interessados na temática. Uma plataforma que irá disponibilizar informação sobre esta área, sobre eventos relacionados, bem como, servir de espaço de aprendizagem virtual. Os promotores desta iniciativa enquadrada no Programa I - Centro – Programa Regional de Acções Inovadoras da Região Centro de Portugal 2006/2007, no Tema Estratégico I – Economia Regional baseada no Conhecimento e na Inovação Tecnológica, na linha de acção 1.1 designada “Apoio à Dinamização de Comunidades Criativas e Inovadoras” contam com um orçamento próximo dos 270 mil euros. Os trabalhos devem ter início em breve e vão decorrer ao longo de 18 meses. Identificar a oferta e a procura de conhecimento na área de biónica e sustentar as oportunidades de inovação que conduzam à definição de projectos estruturantes, definir áreas prioritárias de investigação e desenvolvimento, criar e manter um Sistema de Informação de Intelligence na área da Biónica, são alguns dos pontos que os promotores querem também alcançar. Cientes que “a constante competitividade que o sector têxtil e do vestuário tem vindo a sofrer obriga hoje mais do que nunca a que se apostem em produtos diferenciados e de maior valor acrescentado”, os membros do Bioma esperam pois que “este novo paradigma de inovação que consiste na utilização de conceitos e princípios naturais aplicados à tecnologia seja disseminado e massificado”. Os mesmos sublinham ainda que “esta pode se sem margem para quaisquer dúvidas, uma excelente oportunidade para a Indústria Têxtil e do Vestuário (ITV) europeia. Em conformidade, e face à realidade actual, os resultados do projecto serão uma fonte de recursos de conhecimento de primordial importância para o aumento de competitividade da totalidade do sector das ITV”.
O projecto irá também contar com cerca de mil entidades e investigadores inscritos no Portal de Informação e Conhecimento, ao qual são esperados 25 mil visitantes, que poderão consultar os cerca de 50 documentos de informação e comunicação ou as dez publicações científico-tecnológicas que estarão disponíveis.
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