Voltar à Página da edicao n. 428 de 2008-04-08
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A comunidade judaica de Belmonte espera agora concretizar estas duas novas estruturas

Comunidade Judaica quer talho e hotel “kosher”

Depois do azeite, do mel, do vinho e do queijo, porque não ter, em Belmonte, um talho “kosher”? A ideia foi levantada na passada semana, em declarações à Rádio Caria, pelo vice-presidente da Comunidade Judaica de Belmonte, José Mendes Henriques, que disse que a ideia está a ganhar forma.

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Belmonte é um dos locais, em Portugal, onde existe uma das mais significativas Comunidade Judaica do País, organizada, que nos últimos anos ganhou mais expressão e fugiu do secretismo a que esteve sujeita durante décadas após a construção de uma Sinagoga na vila. Os judeus de Belmonte têm também um cemitério próprio e é na vila de Cabral que existe o único Museu Judaico do País. Factores que fazem com que judeus de todo o mundo visitem o concelho, em especial muitos vindos da América. Daí que, segundo o presidente da Comunidade Judaica, Abílio Mourão, também se esteja a equacionar a hipótese de se construir na vila um hotel “kosher”, destinado a esta nicho de mercado turístico.
Recorde-se que, nas últimas semanas, a fábrica de Queijos Braz, em Peraboa, iniciou a produção de queijos kosher, destinados à comunidade judaica. Os queijos de ovelha puro, de mistura e o queijo fresco, são as três variedades a comercializar com o selo de aptidão para consumo de acordo com os preceitos da religião judaica.
Para além de Portugal, a Espanha, França, Inglaterra e Holanda são os países prováveis para a exportação. “Isto é um orgulho. É como um pai ver nascer o filho”, afirma José Agostinho, sócio-gerente da empresa.
A ideia de obter a certificação kosher surgiu na sequência de contactos com a comunidade judaica de Belmonte e do aparecimento de outros produtos na Beira Interior. “Já havia o azeite kosher de Penamacor e o vinho da Adega da Covilhã”, recorda, acrescentando: “temos de estar atentos para cativar estes nichos de mercado e é essa oportunidade que queremos agarrar”. Após acompanhamento pela comunidade judaica, “a fábrica recebeu a certificação de que está a apta a produzir queijo de acordo com os preceitos da religião”, explica. Ou seja, qualquer Queijo Braz pode receber o selo kosher, se bem que para o consumo judaico sejam preparados lotes específicos mais ao gosto do mercado, “mais prensados e com mais tempo de cura”. “A grande diferença está na fermentação”, afirma Paulo Vitorino, gerente da Kosher Sefarad, firma que comercializa alimentos kosher em Portugal e Galiza. Aquele responsável presta assessoria à produção alimentar em religiões semitas e explica que a fermentação do queijo “tem que ser de base vegetal”. “O coalho não pode ser de base animal. Não se mistura carne com leite, nem vice-versa”, revela. Além disso, o resto dos elementos deve cumprir com os preceitos kosher, “garantias dadas pela fábrica dos Queijos Braz”.
A unidade está sujeita a inspecções periódicas regulares, “ou pelo rabino, ou se este o solicitar, por algum elemento da comunidade de Belmonte”, adianta Paulo Vitorino.
Segundo aquele responsável, a liberdade religiosa e a afirmação daqueles que são de descendência judaica “contribuem para o aparecimento destes produtos kosher em Portugal” e que, acredita, terão procura também no mercado internacional.
Ainda segundo Paulo Vitorino, estes são os "primeiros queijos kosher da Península Ibérica nos últimos 500 anos."


A comunidade judaica de Belmonte espera agora concretizar estas duas novas estruturas
A comunidade judaica de Belmonte espera agora concretizar estas duas novas estruturas


Data de publicação: 2008-04-08 00:03:00
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