Investigação sobre os AVC vai continuar na UBI

Miguel Castelo Branco, docente na Faculdade de Ciências da Saúde e médico no Centro Hospitalar da Cova da Beira apresentou a sua tese de doutoramento na Covilhã. Um estudo que analisou os acidentes vasculares cerebrais (AVC’s) que afectaram os habitantes da Cova da Beira.

Foi apresentado na UBI o segundo estudo científico, a nível nacional, sobre a incidência dos AVC’s num grupo populacional. Trata-se de uma tese de doutoramento, da autoria de Miguel Castelo Branco, que ao longo de três anos analisou os casos de AVC que foram registados na Cova da Beira.
Um estudo que surgiu “precisamente quando fizemos um outro estudo preliminar sobre um aspecto em concreto de uma situação que está predeterminada no AVC, mas que ao tratar esses dados deparámo-nos com algumas dificuldades porque não existiam dados sobre a população afectada e daí ter surgido a conveniência e a necessidade de fazer um outro estudo para caracterizar a população em termos de AVC’s aqui na região”.
Entre 2004 e 2006, todos os residentes dos concelhos da Covilhã, Fundão e Belmonte que sofreram um AVC e passaram pelo Centro Hospitalar da Cova da Beira foram analisados e inseridos nesta pesquisa científica. Ao todo, “mais de 1100 casos foram registados e estão incluídos nas publicações”, adianta o autor da tese intitulada “Aspectos epidemiológicos do AVC na Cova da Beira – Importância dos dados regionais para o planeamento em saúde”. Um estudo que se junta agora a um outro elaborado sob os mesmos moldes na região do Porto.
De entre as várias conclusões, Miguel Castelo Branco adianta que “por um lado a incidência desta doença na Cova da Beira é elevada e é superior à da região do Porto; por outro lado, há também outras conclusões que de alguma forma já eram conhecidas, como o facto de ser uma doença que afecta mais os homens do que as mulheres e que é uma doença que afecta principal os idosos, pessoas acima dos 65 anos”. Para além disso, Miguel Castelo Branco avança agora com algumas medidas concretas para prevenir esta doença.
A produção científica nesta área vem, segundo o médico, “alterar muita coisa”. O também docente da UBI lembra que “até há dez anos não tinha nada em termos de estudos científicos, pelo menos de grande vulto”. Na última década esse panorama mudou a nível mundial e em Portugal também, opina o autor da tese agora apresentada.
Contudo, nesta matéria, Miguel Castelo Branco lembra que “ainda existe uma necessidade enorme de continuar a investigar e continuar a intervir, porque na realidade ainda há muita coisa para se fazer”. Este responsável pela Unidade de AVC’s do Centro Hospitalar da Cova da Beira acrescenta que “essa investigação deve passar pela Covilhã, até porque, tanto o CHCB, como a Faculdade de Ciências da Saúde e o Centro de Investigação em Ciências da Saúde têm todas as condições para participar nesse esforço de investigação e desenvolvimento da ciência no campo do Acidente Vascular Cerebral. Acho que isso é uma obrigação nossa, porque temos as condições e a arrumação da estrutura organizativa para entrar nesse esforço”, acrescenta.
Outro dos propósitos que o médico leva em conta é o da prevenção. Segundo Miguel Castelo Branco, o número de AVC’s pode ser reduzido de forma “drástica”, caso sejam levadas em linha de conta algumas indicações.
Para esta tese foram analisados 1100 doentes de três concelhos da Cova da Beira – Covilhã, Fundão e Belmonte – exclusivamente destes três concelhos. Um estudo feito em três anos, de 2004 a 2006, analisando qual o tipo de doença, os factores de risco associados, a mortalidade, as recorrências e depois também se realizaram estudos comparativos entre as várias populações.