A ciência ficou mais pobre

Nem sempre os cálculos do saber batem certo com os resultados da natureza. A prova está no falecimento do jovem docente e investigador da UBI, Humberto Santos. O desaparecimento repentino do professor deixou a comunidade ubiana transtornada e a ciência mais pobre.

Humberto Santos, docente do Departamento de Engenharia Electromecânica, faleceu de forma súbita no passado dia 10 de Março. Estimado por docentes, alunos e funcionários da Universidade da Beira Interior, o desaparecimento do jovem docente causou grande consternação junto de toda a comunidade.
Ligado há docência na UBI desde Março de 1998, desde cedo que se revelou um singular investigador e excepcional ser humano. Como assistente estagiário, Humberto Santos foi responsável pelas cadeiras de Mecânica Aplicada, Mecânica dos Solos, Desenho II e Desenho e Sistema Gráficos. Prestou provas de aptidão pedagógica e capacidade científica em Dezembro de 2001, data em que passou a assistente ficando também responsável pelas cadeiras de Controlo de Sistemas, Instrumentação e Medida e Automação e Robótica. Provas essas que versaram sobre a “Evolução do Uso de Materiais Compósitos na Indústria Aeronáutica” e também sobre a “Análise e Interpretação da Dinâmica do Crescimento da Internet”. Esta temática viria a pontuar alguns dos seus muitos campos de investigação. Antes deste trágico acontecimento, Humberto Santos dedicava-se, de alma e coração, a tudo quanto estivesse relacionado com Algoritmos Genéticos, Programação Evolucionária, Programação Web e Microcontroladores. Este último campo levou-o mesmo a aprofundar o microcontrolador MSP430 da Texas Instruments com o qual foi capaz de conceber e desenvolver o “RoboSapien’s”, um pequeno robot automatizado, construído na instituição onde leccionava.
Humberto Santos tinha já terminado a sua tese de doutoramento, da qual aguardava discussão. Um trabalho intitulado “Análise e Simulação Do Processo Da Inovação Segundo Uma Perspectiva Evolucionária” e que congrega várias das suas áreas de pesquisa. Destaque para a parte de história da Internet onde se apresenta um trabalho inédito “sobre o princípio do mínimo de acção na evolução tecnológica”, noticiava também a edição online do jornal Expresso.
O docente era também especialista também em ciclos longos de Kondratiev, área que explorava em parceria com o docente da UBI Tessaleno Devezas. Ambos foram responsáveis pela organização de várias conferências, seminários e estudos e também um livro a propósito desta teoria.
Humberto Santos tinha já sido agraciado com um prémio da revista científica “Elsevier”, precisamente pelo seu estudo da história da Internet. Para além de docente na UBI, era também formador na Escola Tecnológica da Beira Interior (ESTEBI), leccionando as disciplinas de Mecânica Geral, Elementos de Máquinas I, Aplicações Informáticas e Programação para o curso de Técnico de Manutenção Industrial e Curso de Especialização Tecnológica em Automação e Robótica, Linguagens de Programação, Ferramentas de Autor Multimédia e Projecto Multimédia. Humberto Santos tinha 36 anos, era casado e deixa três filhos.