Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 425 de 2008-03-18 |
A “marcha da indignação” dos professores não pode deixar ninguém indiferente. Nem o Governo nem os pais nem o simples cidadão. E a razão é simples: os problemas da educação e da escola são questões vitais para o futuro do País. Aliás, os professores constituem uma classe decisiva para a formação dos alunos e não apenas meros transmissores de conhecimentos. São sempre considerados como um guia e uma referência. A sua responsabilidade é enorme.
O problema da avaliação não pode pôr em causa as reformas que é necessário desenvolver no ensino e na escola. Há muita coisa a mudar para que o nosso ensino não produza a catadupa de iletrados que desaguam nas universidades, sem uma cultura geral mínima, e, dando erros de português que fazem corar de vergonha qualquer aluno da antiga quarta classe.
Nem os professores podem impedir que haja avaliação. Não avaliam os professores os seus alunos? E a avaliação valoriza os bons e cumpridores e serve de incentivo para os preguiçosos e medíocres.
Os professores argumentam que são contra esta avaliação. Mas aqui tem que haver negociação entre a ministra e os sindicatos. António Vitorino, peso-pesado do PS, deu uma sugestão interessante. A proposta que apresentou vai no sentido de a avaliação ser “aferida” ao longo do tempo e não concretizada “instantaneamente”. Mas elaborar uma ficha de avaliação, como fez o Ministério, que mais parece o mapa do metropolitano de Londres, releva da burocracia exagerada em tudo contrário ao programa dito do Simplex.
A guerra entre professores e Ministério da Educação não pode eternizar-se, pois o ensino com o tempo acaba por ressentir-se do facto. E o próprio ambiente das escolas sofre com isso. O que não se afigura saudável para a comunidade educativa.
Para além das divergências na avaliação e na titularização dos professores que já existe nas universidades, há muito tempo, não devem ser descurados outros temas como a falta de exigência em relação aos alunos, a indisciplina nas aulas, os exames nacionais, a descentralização das escolas e a liberdade dos pais para escolherem a escola para os seus filhos.
Já aqui defendemos, com vigor, o sistema do cheque-educação. Os pais escolhem a escola livremente para os seus filhos. O Estado em vez de transferir os dinheiros para as escolas, credita-os no cheque-educação. Assim se evita muito dinheiro mal gasto.
Porquê tanta relutância em descentralizar a gestão das escolas, transferindo para as autarquias competências na contratação de professores? Porquê o medo de envolver mais activamente os pais? Não se fala de comunidade educativa?
Quanto aos exames, não haja medo de “traumatizar” os meninos. A adrenalina dos exames só lhes faz bem. Façam-se exames no fim de cada ciclo. E nada de passagens facilitadoras. Claro que os pais não gostam. Pois estragam os filhos com mimos enganadores. Mas muitos pais deviam fazer um aprofundado exame de consciência sobre a forma como os educam e os deixam jogar na consola em vez de fazer os trabalhos de casa e estudar as lições.
O problema da escola não se esgota, pois, na “guerra” dos professores e da Ministra da Educação. Então, que haja coragem de sindicatos e Governo para também enfrentar todas as questões da comunidade educativa.
Multimédia