Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 425 de 2008-03-18 |
Escavações em Belmonte revelam ocupação romana
A Quinta da Fórnea é um sítio romanizado, do século II a IV, onde a cada passo renasce a história de uma ocupação rural, tendo como fundo a Serra da Boa Esperança.
> Inês SaraivaA primeira intervenção, realizada em 1997 sob a direcção do arqueólogo Filipe Coutinho, permitiu pôr a descoberto algumas estruturas de um assentamento onde é possível testemunhar um núcleo residencial.
Estas pesquisas realizadas há uma década tiveram como base estudos realizados aquando da construção da A23. Na altura, a descoberta destes vestígios romanos foi considerada de grande importância, e o traçado da auto-estrada acabou por ser desviado cerca de 200 metros.
As escavações estendem-se por uma área de cerca de um hectare, e confirmaram que o núcleo descoberto era uma propriedade rural, uma espécie de quinta de cariz agrícola, completamente autosuficiente. “ O espaço dedicava-se, sobretudo à agricultura, mas ninguém precisava de sair daqui. Produziam tudo, e supriam não só as necessidades de comida, como outras mais sofisticadas, desde a produção de telhas a alfaias agrícolas”, revela o arqueólogo Filipe Santos, da empresa Arqueohoje, responsável pela intervenção.
Interessada “na preservação e desenvolvimento dos estudos relacionados com o património arqueológico e monumental, material e imaterial de Belmonte”, Elisabete Robalo, arqueóloga daquela câmara municipal, considera importante que posteriormente este sítio seja integrado numa rede que com Belmonte, Centum Celas, Caria, e outros sítios, possam ser usufruídos por estudiosos e visitantes.
As escavações permitiram pôr a descoberto um pátio central, divisões de alojamento, de armazenamento, lagar, lareiras, condutas de água, poço, moinho, e fundição, entre outros elementos encontrados pelos diferentes arqueólogos e historiadores que trabalharam o local.
Apesar de ainda decorreram os trabalhos, a Quinta da Fórnea pode receber visitas: “Ver os técnicos a trabalhar também é interessante”, revela Elisabete Robalo. No final das escavações e do restauro, será feita a musealização, que consiste na sinalização e descrição do espaço.
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