Ser cientista por um dia

A UBI foi uma das 70 universidades europeias que integrou a 4ª edição das Masterclasses em Física de Partículas. Durante um dia, dezenas de estudantes das escolas do ensino secundário foram “verdadeiros cientistas” e participaram em várias actividades.

Foi um dia repleto de novas experiências e sensações. Dezenas de alunos das escolas secundárias da região vieram à UBI para participar na quarta edição das Masterclasses em Física de Partículas. Um evento promovido pelo European Particle Physics Outreach Group e que junta mais de 6 mil estudantes de escolas secundárias de todo o mundo, de forma a que estes possam ter a oportunidade de trabalhar como um físico de partículas na descoberta dos segredos da física das altas energias.
Durante todo o passado sábado, 1 de Março, os vários estudantes do secundário que vieram à UBI visitaram os laboratórios de investigação, assistiram a palestras e sobretudo, “participaram de forma activa em experiências reais e tiveram um contacto directo com o ambiente académico”, afirma Sandra Soares, docente do Departamento de Física da UBI. Para esta docente, envolvida na organização do evento, esta é também “uma forma de despertar a atenção dos alunos do secundário para estas licenciaturas”. Esta actividade está a ser dinamizada até 15 de Março por entre um universo de 70 instituições de ensino superior espalhadas por 21 países. Em Portugal, o evento tem lugar na UBI, na Universidade do Algarve, na Universidade de Coimbra, no Instituto Superior Técnico e na Universidade de Lisboa.
Uma das actividades que mais marcou este dia da Física prende-se com a análise e trabalho de dados recolhidos por duas grandes experiências do CERN, o Laboratório Europeu de Física de Partículas. Os alunos que estiveram presentes, dia 1 de Março, na UBI, analisaram os dados resultantes de colisões de electrões com positrões (as antipartículas dos electrões). Dados esses que foram então recolhidos em experiências do CERN quando estes fizeram deslocar estas partículas a velocidades muito próximas das da luz, dentro de um acelerador com um perímetro de 27 quilómetros. Os alunos utilizaram a sala de sistemas e os computadores instalados nesta, de forma a que, com um programa informático específico, fossem capazes de analisar e interpretar os dados adquiridos pela experiência “Delphi”.
Esta actividade contou ainda com uma videoconferência entre as instituições que promoveram esta actividade a 1 de Março, e onde os alunos participantes compararam e discutiram os seus resultados com alunos de outros países, “exactamente como os físicos de partículas fazem em colaborações internacionais”, adianta a docente. Os estudantes das escolas de Pinhel, Fornos de Algodres, Guarda, Castelo Branco, Covilhã e Fundão, que estiveram no passado sábado, na UBI, participaram nesta conferência internacional com os alunos que estavam nos institutos de Göttingen e Dresden, na Alemanha, Zografou, na Grécia e também com escolas do Rio de Janeiro. Com este tipo de actividades pretende-se também que os estudantes “sigam o ciclo típico de actividades de um cientista, ou seja, a aprendizagem, a experimentação, a discussão e a apresentação de resultados em conferência internacional”, acrescenta ainda a docente do Departamento de Física da UBI. O resultado foi muito positivo como disse Maria José Pires, da Escola Secundária do Fundão, uma das professoras participantes: "Claro que a importância deste dia não está só relacionada com o que ele foi para mim, mas sobretudo pelo que os meus alunos sentiram. Todos ficaram muito satisfeitos pelas diversas experiências novas que tiveram oportunidade de viver. Disseram-me que recordarão sempre este dia como o dia em que se sentiram mais próximos do mundo”.
Iniciado por um programa no Reino Unido, as primeiras Masterclasses Internacionais para estudantes tiveram lugar em 2005. O programa teve a participação de 18 países europeus e incluiu uma videoconferência internacional moderada por cientistas no CERN. O programa de 2008 realça o aspecto global da investigação em física de partículas com a adição de programas nos Estados Unidos e na África do Sul, e a primeira participação de institutos brasileiros. Os dias de investigação “Com as mãos nas partículas” para estudantes têm lugar sob a coordenação central do Professor Michael Kobel, da Universidade de Dresden, na Alemanha, em cooperação estreita com o Grupo Europeu de Divulgação de Física de Partículas (EPPOG) e com o apoio da Sociedade Europeia de Física (EPS). Como parte do programa, os estudantes receberam um CD-ROM com material relacionado com física de partículas, traduzido em 16 línguas com a ajuda do EPPOG. O CD oferece material interactivo de estudo e trabalho acerca dos blocos fundamentais de construção da natureza e dos instrumentos usados no seu estudo. O EPPOG é um grupo independente de representantes dos estados membros do CERN e dos laboratórios CERN e DESY. O objectivo do grupo é tornar a física de partículas mais acessível ao público.