Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 421 de 2008-02-19 |
Imunoalergologia nasce na Covilhã
O Centro Hospitalar da Cova da Beira tem já a funcionar um serviço de imunoalergologia. Luís Taborda Barata, docente na Faculdade de Ciências da Saúde da UBI é o único médico especialista neste sector. Para além das consultas, o médico desenvolveu já alguns estudos sobre as alergias na Cova da Beira. Para breve está a conclusão do maior estudo sobre alergias hospitalares em Portugal.
> Eduardo AlvesEm 2000 Luís Manuel Taborda Barata veio para a Covilhã com dois desafios. Um passava por integrar o corpo docente da faculdade de Ciências da Saúde da UBI, onde actualmente é professor auxiliar e outro, pela criação de um serviço de Imunoalergologia no Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB). Desde essa altura que o único médico especialista a prestar serviços de consultas nesta área já conseguiu “formar um corpo de apoio pescializado, sobretudo ao nível do pessoal de enfermagem”, mas também, “definir as características epidemiológicas da doença alérgica na nossa zona”. Um estudo cujos dados vão agora ser integrados num cenário mais amplo, fruto da cooperação que a FCS mantêm com outras instituições nacionais.
“Mas aquilo que nós já conseguimos fazer foi caracterizar epidemiologicamente os doentes com asma desta região. Portanto sabemos mais ou menos qual é a percentagem de doentes que têm asma, sabemos que tipo de asma é têm, o seu grau de severidade, se estão ou não a ser monitorizados, sabemos também qual é a prevalência de alergia ao látex em crianças. Um estudo que já está terminado e publicado e que nos deu grande capacidade de perceber este problema das alergias”, explica Taborda Barata.
Para além de estudar a asma brônquica em adultos, este médico e docente na Faculdade de Ciências da Saúde conseguiu reunir uma equipa de investigadores que têm também analisado outras áreas. Neste momento existem já estudos que dizem respeito à prevalência de alergias alimentares na população adolescente. “Para isso utilizámos uma escola da Covilhã onde foram avaliados todos os alunos o que nos deu a possibilidade de conhecer qual a prevalência”. Um trabalho que numa fase posterior irá abranger todo o distrito de Castelo Branco. A prevalência de alergia ao látex em crianças é também um outro campo de estudo da equipa dirigida por Taborda Barata.
Depois de feito todo um trabalho de campo e uma caracterização da população, o médico adianta que “a prevalência da asma nesta região não foge muito àquilo a que nós estamos habituados”. Contudo, Taborda Barata aponta um facto diferenciador para esta região que é o da idade. “Nesta área estamos perante um tipo de população mais envelhecida, em contraste com algumas áreas do litoral onde existe uma população mais jovem”. Do números obtidos pela equipa de investigadores, destaque para a percentagem de população que sofre de asma brônquica, “cerca de sete a dez por cento”. Já no que diz respeito a todas as doenças alérgicas “estas afectam cerca de 30 a 35 por cento da população”, garante o médico. Uma grande porção desses doentes tem rinite alérgica, mas há também alergias alimentares e outras.
O serviço de imunoalergologia está a funcionar “ainda só comigo, mas espero para o próximo ano ter mais dois colegas”, explica Taborda Barata, que sublinha “o grande trabalho de articulação com um colega de Castelo Branco”. Tudo no sentido de divulgar este tipo de patologias por toda a população, as suas manifestações e as medidas a serem tomadas, pequenas noções sobre o que é a asma, noções de como utilizar os inaladores, “que é algo de extrema importância, até porque muitas das vezes existem erros na aplicação deste tipo de aparelhos o que revela que a medicação não é feita de forma correcta. O importante é o doente ter consciência da sua doença e tentar conheça e combatê-la da melhor forma”, remata o investigador.
Contudo, neste aspecto deve-se sublinhar o facto de existirem ainda muitas crianças e adolescentes, portadores de asma brônquica, mas sem um acompanhamento médico regular. “Na adolescência existem uma série de contratempos, porque a asma ainda é vista como uma doença que incapacita o jovem para fazer uma série de coisas, sobretudo ao nível da educação física e outro tipo de actividades de maior esforço”, explica Taborda Barata. Muitas vezes o que acontece “é que o adolescente esconde um pouco a sua situação asmática e isto também acontece em casa”. Nesse sentido, o grupo de profissionais do CHCB vai promover uma campanha nas escolas do distrito para a sensibilização da população jovem para este tipo de problemática.
A equipa de investigadores instalada na FCS e que dá apoio ao trabalho de Taborda Barata concluiu também recentemente o maior estudo, a nível nacional, sobre a prevalência e sensibilização ao látex, ou seja, alergia a este material, em trabalhadores de saúde. Uma pesquisa que decorreu ao longo de vários meses nos hospitais da Guarda, da Covilhã, do Fundão, de Castelo Branco e de Viseu. Para além de analisar as possíveis alergias causadas pelo látex e implicações no trabalho dos profissionais de saúde foi também a primeira vez que se analisou a sensibilidade a alguns dos alergénios que são utilizados para fazer um perfil de sensibilização de cada trabalhador de saúde. O que até aqui nunca tinha sido feito e que envolveu cerca de 1200 pessoas.
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