Voltar à Página da edicao n. 418 de 2008-01-29
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A AAUBI promoveu um debate sobre o Tratado de Lisboa

A Europa reunida na Covilhã

A Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI) promoveu um debate sobre o Tratado de Lisboa. Eurodeputados eleitos pelas principais forças políticas marcaram presença nesta iniciativa.

> Eduardo Alves

Tentar perceber as principais mudanças que o tão badalado “Tratado de Lisboa” vai trazer aos portugueses foi o principal objectivo da iniciativa da AAUBI. Um evento que juntou representantes de quase todas as principais forças políticas nacionais, para falar da Europa, do tratado e da constituição.
Esta sessão de esclarecimento acabou por ser motivo suficiente para levar ao anfiteatro 7.21 algumas dezenas de alunos e populares com o intuito de ouvirem falar do referendo. De entre os cinco partidos políticos com presença na Assembleia da República e no Parlamento Europeu, apenas o Partido Social Democrata não marcou presença neste evento da AAUBI.
Um debate que há partida não guardava grandes surpresas, com os representantes dos partidos da oposição a marcarem o seu ponto “contra” à forma como esta decisão acabará por ser referendada e o Partido Socialista a apoiar a decisão parlamentar.
Contudo, Francisco Assis, eurodeputado socialista, acabou por “apimentar”, de alguma forma, o debate, ao sublinhar “alguma má-gestão deste processo por parte do governo”. Assis acrescenta que o único procedimento “incorrecto” por parte do executivo liderado por José Sócrates, nesta matéria “é relativo ao facto de existir uma promessa eleitoral que ia no sentido de referendar este tratado, e agora isso não ser cumprido”. Todavia, o eurodeputado socialista lembrou que “o mais importante em toda esta matéria é promover a discussão do conteúdo deste novo tratado”.
E foi precisamente nesse ponto que os representantes da oposição pegaram para rebater as opiniões do socialista. José Ribeiro e Castro, do grupo do Partido Popular Europeu e dos Democratas Europeus foi o mais acutilante. O antigo líder o CDS em Portugal lembrou Assis que “foi o líder do actual governo que prometeu, e logo, enganou, os portugueses, com a questão do referendo”. Também José Manuel Pureza, do Bloco de Esquerda e Pedro Guerreiro do Grupo Confederal da Unitária Europeia (CDU), se mostraram a favor do referendo. Pureza adiantou que “a realização de um referendo iria permitir que a população ficasse mais esclarecida sobre todas estas temáticas”.
Por sua vez, o representante da CDU não compreende os argumentos utilizados por Sócrates para a não realização de um referendo. Isto porque, “se este novo tratado é bom como o primeiro-ministro diz, não deve ter problemas em defendê-lo e em colocá-lo ao sufrágio popular”.
Ultrapassadas as questões de natureza política, o debate começou a gerar alguns consensos. O maior de todos eles diz respeito “à falta de informação que os portugueses têm deste tema”, explicou Ribeiro e Castro. O representante dos democratas cristãos aponta “para a forma como tudo está a ser imposto aos cidadãos”. Ainda que do lado oposto do pensamento político, Pedro Guerreiro acaba por estar do mesmo lado da barricada de Ribeiro e Castro nesta matéria. O representante da CDU diz que “a desculpa de que Portugal não pode fazer referendo para servir de exemplo a outros países é perfeitamente descartável e, nesta matéria, deveria prevalecer a consulta popular”. Uma medida apoiada por Pureza que adianta também “estarem reunidas, dessa maneira, as condições para um melhor esclarecimento dos cidadãos”.
No final, o eurodeputado socialista acabou por lembrar que é a favor de um referendo, mas disse também que “em democracias representativas, como a nossa, os deputados da nação têm o direito de se fazer exprimir, por aqueles que os elegeram”, concluiu.


A AAUBI promoveu um debate sobre o Tratado de Lisboa
A AAUBI promoveu um debate sobre o Tratado de Lisboa


Data de publicação: 2008-01-29 00:00:00
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