Dragões no caminho do grande Sertanense

O clube sensação da Taça de Portugal é do distrito de Castelo Branco. O Sertanense elimina, fora, o Penafiel e ganha o direito de, no dia 10 de Fevereiro, receber em casa o FC Porto. Técnico da equipa avisa dragões: o jogo ganha-se no campo

“O jogo é jogado no campo. Temos remotíssimas possibilidades de passar, mas vamos tentar dar mais uma grande alegria”. É este o aviso deixado pelo treinador brasileiro do Sertanense, Eduardo Húngaro, ao Futebol Clube do Porto, a próxima equipa a atravessar-se no caminho dos homens do Pinhal na Taça de Portugal. Na quinta eliminatória, realizada no passado domingo, a equipa da Sertã foi a grande sensação da prova, ao bater, em Penafiel, a equipa da Liga de Honra no desempate por grandes penalidades. Na terça-feira, no sorteio realizado em Lisboa, ficou a saber que nos oitavos de final, a jogar no dia 10 de Fevereiro, receberá em casa o poderoso campeão nacional, Porto.
Apesar do técnico Eduardo Húngaro ter desejado ficar isento na próxima ronda, e do presidente do clube preferir o Benfica como adversário, pois isso iria “galvanizar mais gente” da Beira Interior, a verdade é que foi o Porto quem tocou em sorte aos sertaginenses. “Peço que este sonho não termine nunca e a terminar que seja no Estádio do Jamor. Venha quem vier, nós vamos continuar a sonhar porque o futebol é jogado dentro do campo” afirmava Eduardo Húngaro antes do sorteio. Já depois de se saber qual era o adversário, o presidente do clube, Paulo Farinha, garantiu que esta era “uma prenda para as pessoas da Beira” e que no dia 10, na Sertã, haverá “uma grande festa”. “O nosso trabalho deu frutos e fomos ressarcidos do nosso esforço” afirma o presidente do único clube da Terceira Divisão sobrevivente na Taça. O Sertanense já deixou para trás o Marinhense, Fazendense, Fayal, Portimonense e Penafiel (os dois da Liga de Honra). Por isso, Vítor Baía, representante do Porto no sorteio, assegura que o adversário “merece todo o nosso respeito”, vaticinando que o encontro será uma “grande festa do futebol para as gentes do Interior”.
Na passada semana, no estádio 25 de Abril, em Penafiel, o Sertanense foi ousado e cauteloso quando foi tempo de o ser, sofreu muito, mas passou com mérito. Depois de uma primeira parte de contenção, no segundo tempo, aos 66 minutos, num rápido contra-ataque, Vicente (irmão de Artur Jorge Vicente, que jogou na I Liga) calou o público da casa, com o golo para a equipa da Beira Baixa. O sonho da passagem quase se esfumava no último minuto da partida, quando o guardião Léo derrubou Bakero na área. Expulsão do guarda-redes, Sertanense a jogar o prolongamento com 10 unidades e golo do empate de Guedes. Foi já com o jovem guardião Fábio entre os postes (recentemente chamado à selecção nacional de sub-19) que os homens do Pinhal foram para a lotaria das grandes penalidades, depois de aguentarem o prolongamento de 30 minutos. Aí, os jogadores da Sertã acertaram todos. Bakero falhou para o Penafiel. Na quinta grande penalidade, Maside (filho de Rui Maside, que jogou no Sporting), marcou e deu uma grande alegria aos cerca de 200 adeptos que acompanharam a equipa.
E assim, a equipa do distrito, de tons “abrasileirados” (treinador e sete atletas vieram do País irmão), que conta também com um guineense, um cabo-verdiano e um nigeriano, espera por Quaresma, Lucho, Lisandro e companhia.