Voltar à Página da edicao n. 417 de 2008-01-22
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> <strong>José Geraldes</strong><br />

A pontualidade como dever

> José Geraldes

A nova grelha infantil da RTP 2 vai dar ênfase à pontualidade. A justificação para valorizar este tema parte, segundo os responsáveis da programação, do facto de as crianças não perceberem o seu significado e assim não lhe darem importância.
É de assinalar a iniciativa, pois a pontualidade aparece como dado fundamental na organização e a na vida em sociedade. E não pode ser descuidada na formação das novas gerações.
Há povos mais pontuais do que outros. Os países nórdicos e do centro da Europa primam pela sua prática. Já os países do Sul não consideram a pontualidade como hábito prioritário.
Nós, os portugueses como também os brasileiros, somos nesta área da vida campeões. Uma experiência em Paris de aulas em conjunto com estudantes do Brasil atesta que os brasileiros chegavam habitualmente duas horas após o começo da aula, o que levou o director do Centro de Formação de Jornalistas a intervir e ameaçar com a não concessão do diploma.
Em Portugal, a prática da pontualidade também deixa muito a desejar. Embora alguns considerem o dito como mito urbano mas já se tornou corrente dizer que os portugueses só são pontuais no futebol e na missa. E mesmo à missa muitos só chegam no momento das leituras ou quando o padre está a fazer a homilia.
É muito raro uma reunião ou uma palestra ou colóquio começar à hora marcada. Há sempre uma meia hora de tolerância ou mesmo mais. E até se instalou a ideia de ser boa norma começar-se sempre com atraso. E quanto mais importante for a personalidade, mais se julga que a demora se justifica.
No meio académico já se tornou proverbial o chamado quarto de hora coimbrão. Ou seja, o começo da aula quinze minutos depois da hora marcada.
Estudos internacionais consideram os portugueses pouco pontuais, o que revela desordem na organização do seu tempo. E prejuízos enormes de ordem financeira e de produtividade. Os ingleses têm o seu provérbio que não deixa de ser verdadeiro: “Tempo é dinheiro”.
A falta de pontualidade também revela o carácter da pessoa. O chegar sistematicamente atrasado é sinal de má-educação pela falta de respeito para com o outro.
Para se ser pontual, exige-se boa gestão do tempo, o que não existe nos portugueses. Habituados a desenrascar-se de qualquer maneira, os portugueses guardam tudo para a última hora na convicção de que tudo correrá pelo melhor. A planificação do uso tempo não faz parte da sua cultura. Mas isso acaba por prejudicá-los na vida. Vida que fica em desordem na execução das tarefas.
O pôr a pontualidade como dever na televisão nos programas para crianças é uma contribuição básica para a formação de cidadãos responsáveis


Data de publicação: 2008-01-22 00:00:00
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