Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 414 de 2008-01-01 |
Para além do comportamento autoritário do Governo que varreu o país, com ecos também na Covilhã, como o caso da simbólica visita policial ao Sindicato dos Professores da Região Centro ilustrou, o ano de 2007 significou mais atraso económico e mais desigualdades sociais. A “coroa” da obsessão da redução do défice orçamental também aqui teve a respectiva “cara”: destruição do tecido produtivo e brutal aumento do desemprego; encerramento de serviços públicos de ensino, de saúde, de agricultura, de justiça e de polícia; diminuição do bem-estar social. A tecnocracia governativa de cortar e reduzir, contrastou com o marasmo no aproveitamento das vantagens logísticas, no adiamento de infra-estruturas públicas essenciais e na manutenção desvantajosa de factores de produção, como o elevado custo da energia, as dificuldades de financiamento e de recurso ao crédito, os problemas do escoamento e da comercialização de produtos, impedindo o desenvolvimento do nosso tecido produtivo. Daí que a prometida redução do IRC para empresas que se localizem/fixem no interior, apesar de bem-vinda, seja, neste contexto, praticamente irrelevante. Num plano mais localizado, a decisão da Covilhã e mais recentemente do Fundão, de entregar a gestão da água a privados, constitui um facto muito negativo. A privatização da água é uma medida socialmente injusta e economicamente errada com graves implicações na natureza do serviço público e na vida das populações. A forte contestação popular no primeiro caso, tal como se espera que venha a suceder no segundo, demonstra que os cidadãos estão disponíveis para defender o direito à água para todos contra o princípio da água apenas para quem a puder pagar.
Perante uma política que não mostra sinais de arrependimento, como a aprovação do Orçamento de Estado para 2008 demonstra, o novo ano vai exigir de todos aqueles que não aceitam este caminho, mais empenho e mais luta. Mais empenho e luta para defender a proximidade dos serviços públicos, contra o seu encerramento; para exigir o direito ao trabalho, a melhoria do poder de compra mediante o aumento dos salários reais, das reformas e pensões mais baixas; para exigir mais investimento público, componente essencial à revitalização económica e social e à concretização de infra-estruturas básicas (rodovias, electrificação e modernização da linha da beira baixa e regadio da Cova da Beira, para dar apenas alguns exemplos); para exigir uma gestão democrática e descentralizada dos fundos comunitários e dos recursos públicos no sentido de promover a articulação de recursos endógenos com apoios externos; para impedir que se concretizem as intenções de privatização dos serviços públicos essenciais como a água.
O ano está a terminar, mas a vida continua e a luta por uma região mais coesa e solidária também!
[Voltar]
Multimédia