Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 411 de 2007-12-11 |
O Natal está a chegar! No dia 25 de Dezembro, dia de festa para os cristãos, celebramos a vida de um menino que nasceu em Belém, há mais de dois mil anos. Deram-lhe o nome de Jesus, o filho de Deus e de Maria. Nessa noite Belém, a “cidade do pão”, iluminou-se e os anjos cantando trouxeram uma boa nova ao mundo: “Hoje nasceu o Salvador, Jesus Cristo Senhor”. Acerca deste menino escreveu São João no seu Evangelho: “O Verbo fez-se carne e habitou entre nós”, tornou-se o nosso hóspede, um familiar, um amigo. Os pastores foram os primeiros a tomar consciência desta realidade e foram adorar o Menino, oferecendo-lhe as suas prendas. Reconheceram naquela criança o Deus que desce à terra para nos trazer a vida em abundância, o Emanuel, o Deus Connosco, aquele que está no meio de nós… Esta é a boa nova do cristianismo, que hoje se está perdendo em muitas famílias, em muitos espaços da Igreja e da sociedade actual. A vida superficial, pobre em valores, onde a secularização emergente provoca a descristianização do nosso povo e leva à perda de sentido do verdadeiro Natal.
Que impacto tem a celebração do Natal, no mudo de hoje? Nesta era da globalização, da democratização das liberdades, do imediatismo das coisas, da Internet e dos media, do consumismo materialista, do hedonismo desenfreado, da família à experiência, do enfraquecimento do mundo do trabalho, da vida referendada, do bem estar sem preço, do individualismo egoísta, da solidão sem regras, do possuir desmedido, do aumento do número de pobres, do desemprego sem solução à vista, da violência programada, da ausência de paz, das novas ameaças de guerra, do progresso da ciência sem regras, de uma vida sem ética, de uma prática cristã pouco esclarecida, de uma fé sem compromisso, enfim, de um mundo de problemas e dificuldades que enfraquecem a vitalidade da Igreja e tornam o mundo menos humano, fragilizando a própria vida.
É urgente implementar um espírito cristão ao Natal, para que este promova uma cidadania solidária, uma verdadeira justiça social e um tão almejado bem comum. Estes são os grandes temas que devem ser reflectidos hoje, para que o verdadeiro Natal aconteça em nós e no mundo que nos rodeia.
O Natal é uma lição de contemplação, de acolhimento de uma criança que veio transformar o mundo e trazer-nos uma mensagem de paz, de amor, e de luz. A liturgia do Natal lembra-nos que o “povo que andava nas trevas viu uma grande luz”, o Salvador prometido, “o Príncipe da paz”, figura central do presépio, nasceu para dar sentido ao Natal, à família reunida, à partilha de prendas, à música e às luzes que se acendem um pouco por todo o lado.
A perda de sentido do verdadeiro Natal, vê-se também na publicidade e no modo como esta é feita, pois, ainda não começou o Advento, isto, é as quatro semanas de preparação espiritual para o Natal, e já as ruas estão iluminadas de figuras, símbolos e cores alusivas ao Natal, os presépio aparecem feitos nas montras e as grandes superfícies comerciais tornam–se as catedrais do Natal consumista. Este fenómeno, desvia-nos do espírito do verdadeiro Natal, e a celebração do nascimento de Jesus, fica para muitos à margem da vida eclesial. Daí que seja necessário apelar ao verdadeiro espírito natalício, à partilha e à solidariedade, para ajudar os mais carenciados, os deserdados da vida, os mais pobres.
Muitas são as formas de incentivar os que mais têm, à partilha de bens e à solidariedade. Realizam-se festas de Natal para crianças e idosos, ceias de Natal para conviver e promover a solidariedade, campanhas para ajudar com alimentos, partilha económica, oferta de roupas e outros bens essenciais. A pobreza envergonhada aumenta o número dos novos pobres, quer a nível individual, familiar. Hoje há pobres no meio da juventude e mesmo dentro da comunidade universitária.
Neste sentido, querendo sensibilizar o meio para ajudarmos alguns jovens universitários, a Capelania da Universidade e a Pastoral Universitária, vai construir os presépios nos lugares habituais da nossa Universidade, e junto deles criar um espaço de recolha de géneros e outras ofertas, para os mais necessitados. Será uma campanha a que damos o nome de “Natal Solidário”. Dentro desse espírito, realizaremos ainda a habitual ceia de Natal, para os que estão longe da família, os deslocados e outros que precisam de experimentar uma verdadeira celebração natalícia. Apelamos à generosidade de todos, para que colaborem nesta campanha de solidariedade. O Natal de Jesus em que acreditamos e que vamos celebrar, pede-nos estes gestos.
Vamos viver o Natal, humanizando mais a vida e as estruturas da nossa sociedade. Vamos partilhar o que temos, porque um dia uma criança nasceu em Belém, veio ao nosso encontro e deu um novo sentido à nossa vida humana. Esta é a verdadeira razão para celebrarmos o Natal de Jesus e o tornarmos mais solidário e cristão. Desejo um santo Natal a todos e a cada um, de modo especial à comunidade universitária. Oxalá que ninguém fique fora deste projecto de amor e de esperança, desta campanha de solidariedade.
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