Voltar à Página da edicao n. 411 de 2007-12-11
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O azeite, este ano, vai ser de mais qualidade

Menos azeite e mais qualidade

A produção de azeite, este ano, na região, vai cair substancialmente. Porém, segundo os produtores, a qualidade será maior que no ano anterior.

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A produção de azeite vai cair este ano substancialmente. Já a qualidade, vai ser superior à do ano passado. “Há menos azeite mas mais qualidade. É um ano bom em termos qualitativos. Isso deve-se às condições climatéricas, os olivais não foram afectados pelas principais pragas”, realça João Miguel Pereira, da Associação de Produtores de Azeite da Beira Interior.
Segundo este responsável, que representa cerca de 50 lagares, o azeite está este ano a render entre 13 e 16 por cento. Ou seja, para um litro são necessários entre os seis e os oito quilos de azeitona.
Francisco Almeida Lino, da Confraria do Azeite da Cova da Beira, fala num “ano de belíssima qualidade”. A quebra na produção considera ser normal, uma vez que no ano passado as oliveiras estavam carregadas. Acabou por não ser um ano de muita produção porque os olivais foram afectados pela gafa, consequência do clima registado, que combinava a humidade e elevadas temperaturas.
As condições climatéricas dos últimos meses, diz, têm beneficiado os olivais. No entanto, frisa que para daí resultar um bom azeite também tem contribuído a mudança de comportamento dos agricultores, que acredita estarem mais sensibilizados para entregarem o fruto “a tempo e horas”. “A azeitona chega à transformação cada vez mais em óptimas condições e os lagares dão hoje uma resposta mais rápida a fazer o azeite”, nota o chanceler da confraria.
A apanha para conservas começa no final de Outubro e para o azeite no início de Novembro, mas a altura ideal depende do tipo de azeite que se quer. Embora para fazer o que tem o sabor mais característico da região ela deva ser colhida quando a cor está “60 a 70 por cento de mudança para o roxo ou preto”, adianta João Pereira.
Francisco Almeida Lino realça que há a tendência para se colher mais cedo. E acrescenta que “mais ou menos madura o azeite já está dentro do fruto”. Mas se for colhida mais cedo conseguem-se características diferentes. Com outros atributos, diferentes dos frutados mais habituais da região, “com cheiro a maçã e tomate”.
Se a azeitona for apanhada mais verde consegue-se um azeite mais picante e amargo, valorizado em alguns mercados. “Quando está madura deixa de ter este atributo. E hoje há necessidade de obter azeites diferentes para fazer composições de lotes mais diferenciados, que são misturados para criar azeites com mais harmonia”, sustenta o responsável da confraria.
João Pereira caracteriza os azeites da região, onde predomina a variedade galega, como suaves e frutados. Já a azeitona muito madura, colhida tardiamente, “torna o azeite mais amorfo, sem personalidade, não tão frutado”. Para além disso, alerta, corre-se o risco de o tempo mudar e os olivais poderem ser atacados por pragas e doenças.
Segundo Francisco Almeida Lino, “há azeites com atributos cada vez mais elegantes”, do que tem visto na região. Uma forma de ir ao encontro de um “mercado que começa a emergir de apreciadores”. E nesse tabuleiro, onde se joga com vários sabores, também as cores variam, “do verde à cor do barro”.
Também João Pereira chama a atenção para os potenciais clientes com padrões diferentes. E dá o exemplo dos painéis de provas, onde o picante e o amargo, característico em alguns azeites, são virtudes. Valorizadas mais por umas pessoas que por outras.
Com o objectivo de educar o paladar e dar a conhecer novas formar de relacionamento com o resultado da azeitona, a Confraria do Azeite está a reunir as condições na sua sede, no Mercado Abastecedor da Cova da Beira, para fazer workshops abertos à população.
Na região, para além da galega, há também muitas oliveiras de variedade cordovil e bical de Castelo Branco.
Mesquita Milheiro, da Associação de Agricultores do distrito, não deixa de lamentar a quebra na produção, depois de no ano passado os olivais terem sido afectados pela gafa, que apodreceu muita azeitona. “Acaba por ser uma perda de rendimentos”, queixa-se.
Com uma redução de azeitona na ordem dos 40 por cento, de acordo com o que tem visto, diz não conseguir avaliar taxativamente as causas. Até porque as árvores “tiveram muita flor, mas depois não vingaram”, conta.


O azeite, este ano, vai ser de mais qualidade
O azeite, este ano, vai ser de mais qualidade


Data de publicação: 2007-12-11 00:02:00
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