A narrativa dos videojogos

Avaliar a crescente confluência das áreas dos videojogos e das narrativas fílmicas, quer em termos criativos quer em termos de produção, é uma das possibilidades práticas do estudo de doutoramento apresentado no dia 30 de Novembro na UBI.

Luís Nogueira é o autor tese de doutoramento em Ciências da Comunicação que reconhece uma actual conexão entre as áreas do cinema e dos videojogos. O investigador acredita que é cada vez mais notória a forma como estes universos da arte e do entretenimento se influenciam mutuamente. “As estratégias de produção tendem a assemelhar-se em muitos casos e, por vezes mesmo a coincidir, como do ponto de vista criativo são inúmeras as adaptações efectuadas entre cada um destes tipos de objectos”, refere o também docente do Departamento de Comunicação e Artes.
Neste estudo intitulado "Narrativa Fílmica e Vídeojogo. Articulações e Dissenções", Luís Nogueira procura perceber que operações são requeridas ao indivíduo quando confrontado com um jogo ou com uma narrativa, ao mesmo tempo que se centra em avaliar as diferenças e os pontos de contacto entre universos que não são assim tão distintos. “Interessou-me perceber em que medida, e apesar desses inúmeros pontos de contacto, existem diferenças substanciais entre cada um deste tipo obras, e de que forma essas diferenças acabam por determinar a especificidade dos modos de fruição por parte do indivíduo, isto é, enquanto jogador e enquanto espectador”. O investigador assevera que o videojogo é uma narrativa na medida em que o jogador necessita de compreender as suas acções, sendo que por vezes é o próprio espectador que se transforma em jogador, numa clara transmutação da subjectividade. “Há uma relação de causa e efeito que é entendida e que faz com que o jogador possa refazer o programa lúdico. Enquanto jogadores acabamos por construir um relato para nós mesmos”. De referir que a área dos videojogos tem vindo a merecer uma cada vez maior atenção por parte da comunidade académica internacional, facto que acabou por se revelar importante para Luís Nogueira. “Pareceu-me relevante assumir o desafio de reflectir sobre questões que em Portugal ainda não detêm uma grande notoriedade em termos de análise teórica, mas que se afiguram cada vez mais como objecto de estudo imprescindível para compreender o nosso tempo, e que, estou em crer, o serão cada vez mais no futuro", reitera. A tese de doutoramento de Luís Nogueira foi elogiada pelo júri, tendo sido aprovada por unanimidade.