Voltar à Página da edicao n. 409 de 2007-11-27
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Maria, a personagem principal de Stabat Mater

Maria João Luís traz vida de ex-prostituta ao Teatro das Beiras

Durante hora e meia, a actriz Maria João Luís, sozinha em palco, dá corpo a "Maria" e evoca, nas suas personagens, a vida de uma ex-prostituta. Uma peça sobre problemas contemporâneos pela voz da rua.

> Igor Gonçalves
> Manuel Bogalheiro

A vida de Maria, uma ex-prostituta desesperada que procura o seu filho, é o drama de “Stabat Mater”. A peça de teatro do dramaturgo italiano António Tarantino apresentada no passado sábado, dia 24, no Festival de Teatro da Covilhã. Maria João Luís interpreta esta personagem num intenso monólogo de hora e meia onde a marginalidade social é a base de uma narrativa de emoções e sentimentos. A peça, apresentada no Auditório do Teatro das Beiras, está em cena pela Companhia Artistas Unidos e tem encenação de Jorge Silva Melo.
O título latim da peça aponta, como explica Maria João Luís, para a expressão bíblica que representa o momento em que Maria, mãe de Jesus, desfalece depois de ver o seu filho morto retirado da cruz. Também em Stabat Mater é a angústia que marca o relato de Maria que, da mesma forma, acabará por desfalecer na exaustão da procura do filho. Pobre, sozinha e revoltada contra a sociedade, esta procura é o mote para Maria contar a sua vida e evocar aqueles que a rodeiam. O relato varia, constantemente de tom, entre momentos de ironia e humor e outros de pura dor e revolta. Mas a narrativa de Maria não se apresenta linear. No delírio das várias emoções, a narrativa é fragmentada e repetida conforme as memórias e as agitações da personagem num ciclo que parece não evoluir mas apenas ganhar novos alcances emotivos perante a procura do filho. O sexo, a prostituição, a homossexualidade, a xenofobia, o religioso, a heresia e a educação são temas que surgem no discurso solitário desta personagem que reproduz o universo de uma ex-prostituta pela linguagem crua e violenta da rua e por uma perspectiva sofrida da vida.
Apesar de Maria João Luís estar sozinha em palco, a sua interpretação da personagem Maria desdobra-se na representação de outras personagens que também fazem parte da vida desta mãe desesperada. A própria actriz diz não se sentir sozinha em palco “como se estivesse a falar com uma série de gente” e refere mesmo que esse aspecto torna a representação mais fácil pois é a própria que controla as outras personagens. A actriz acrescenta ainda que apesar de ser um monólogo de tão longa duração, a empatia que estabeleceu com Stabat Mater e com a linha do autor tornaram o processo simples e natural.
No final da peça, integrado nos concertos que o Festival de Teatro promove, seguiu-se um concerto no Café-Teatro do projecto Du Alnok. O duo apresentou o concerto “Roda do Chorinho” no qual interpreta música popular brasileira.

 


Maria, a personagem principal de Stabat Mater
Maria, a personagem principal de Stabat Mater


Data de publicação: 2007-11-27 00:05:00
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