Voltar à Página da edicao n. 407 de 2007-11-13
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A escolha do Flávio

> João Canavilhas

O destaque desta edição do URBI conta o percurso académico de Flávio Escada. Com uma média final a rondar os 19 valores, este jovem de Elvas ingressou no curso de Medicina, em grande parte devido à pressão – chamem-lhe conselhos, se quiserem – de familiares e amigos. O Flávio seguiu o “conselho”, entrou em Coimbra, mas uma semana foi o suficiente para desistir. Deixou para trás Medicina e, já na 3ª fase de colocações, mudou-se para Matemática, na UBI.

Penso que o Flávio tomou a decisão certa: escolheu o curso que gosta em detrimento do que outros lhe aconselhavam. Certamente os amigos e familiares queriam apenas o melhor para ele. E o melhor, pensam eles, é um curso com boas saídas profissionais e remunerações muito acima da média. É para isso que centenas de pais investem na formação dos filhos, muitas vezes com grandes sacrifícios pessoais. Por razões óbvias, Medicina está no topo das preferências.

Muitos alunos de Farmácia, Biomédicas e Enfermagem aspiravam a um lugar em Medicina, mas ficaram de fora por décimas. Para eles, a mudança do Flávio pode parecer uma loucura. Mas não é. O Flávio fez aquilo que todos deviam fazer: ser felizes, escolhendo o curso de que realmente gostam. Pouco importa o que os outros pensam. Pouco importa que o curso tenha mais ou menos saídas profissionais. Aliás, visto nessa perspectiva, podemos dizer que não há cursos bons para sempre. Os professores, que hoje não têm colocação, serão profissionais escassos muito em breve, tal como acontece na Alemanha. Os médicos, que agora são duramente disputados pelos hospitais, lutarão em breve por um posto de trabalho, como em Itália. Advogados e arquitectos, profissionais muito procurados até à década de 90, procuram agora estágios gratuitos nos grandes escritórios e ateliers. O mercado tem ciclos e o que hoje é bom, amanhã pode não o ser. A solução é optar sempre por aquilo que se gosta, pois só assim é possível encontrar a felicidade e a realização profissional. Mais tarde ou mais cedo, cada um encontrará o seu lugar no universo.

Nota final: todos os anos ficam centenas de alunos fora das faculdades de Medicina. São muitos os que protestam contra a escassez de vagas, criticam o sistema e sublinham que a média escolhe os melhores alunos, não os que poderiam ser os melhores profissionais. Até pode ser verdade, mas para os que ficam de fora, há outros caminhos que os podem levar à Medicina, sobretudo no campo da investigação: físicos, matemáticos, biólogos, químicos e até filósofos trabalham todos os dias na procura de soluções para as doenças mais graves. Ao contrário do que muitos pensam, o consultório e o hospital são apenas o final da linha. Antes disso há milhares de oportunidades para aqueles que sentem a área da Saúde como sua vocação.

 


Data de publicação: 2007-11-13 00:00:01
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