Voltar à Página da edicao n. 407 de 2007-11-13
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O curso de Matemática tem agora 14 novos alunos

Matemática da UBI preenche vagas

Das 15 vagas disponibilizadas para o curso de Matemática, na UBI; apenas uma ficou por ocupar. Passadas as três fases de acesso, 14 alunos compõem um grupo que dá vida a esta aposta da instituição. Entre eles, está Flávio Escada, que trocou Medicina, em Coimbra, pela Matemática, na Covilhã.

> Eduardo Alves

A aposta numa licenciatura em Matemática, na UBI, parece estar ganha. Das 15 vagas que este ano o Departamento voltou a abrir, 14 estão preenchidas. Trata-se, diz Manuel Saraiva, presidente do Departamento, de um resultado “muito positivo”, comparativamente com o do ano passado, pois nessa altura apenas três das 20 vagas disponibilizadas foram preenchidas.
Para além das contas positivas, no Departamento de Matemática, o que está a deixar os responsáveis de sorriso rasgado “são os novos alunos que estão a voltar a escolher a Matemática, abdicando inclusive de cursos como Medicina”, explica Manuel Saraiva.
A provar isso mesmo está Flávio Escada. Este jovem, natural de Elvas, sempre gostou de Matemática. A ciência dos números desde cedo lhe despertou a atenção e os resultados máximos foram crescendo. De tal forma que com uma média próxima dos 19 valores, começou a pensar entrar em Medicina. Indeciso entre a ciência do corpo e a dos números, a escolha foi ficando muito condicionada “pelos colegas e por grande parte dos familiares, professores e amigos”, e a Medicina acaba por tomar a dianteira nas preferências. O boletim de candidatura é preenchido, quase todo, com cursos de Medicina, “mas ainda coloquei um de Matemática”, refere Flávio. Passados os exames nacionais “com um 19,1 na prova de Matemática”, o jovem alentejano ingressa no curso de Medicina na Universidade de Coimbra. Flávio confessa que “quando se tem boas notas, desde cedo que os colegas começam a dizer para seguir Medicina. Claro que aqui foi também uma aposta minha, não fui para um curso como o de Medicina apenas porque tinha boas notas, queria experimentar e ver se podia ser médico”. Mas bastou apenas uma semana “para ver que não era aquilo que queria”. Flávio Escada acabou por desistir deste curso cerca de duas semanas depois da sua matrícula. Uma análise mais profunda aos seus gostos foi o suficiente para o jovem de apenas 17 anos se decidir pela Matemática.
Uma escolha “acertada” e que “se tornou realmente naquilo que quero ser e fazer”, começa por explicar um dos mais recentes alunos de Matemática. O facto de ter trocado uma vaga no curso mais procurado a nível nacional por um lugar numa licenciatura cuja procura tem vindo a diminuir significativamente não o parece incomodar em nada. “É isto que eu quero e por isso a decisão foi a certa”. A mudança fica a dever-se “ao curso em geral”, diz Flávio. “Assim que comecei a ter aulas, vi logo que não gostava nada daquelas disciplinas”, continua.
Depois de desistências e novos concursos, Flávio acabou por ingressar, já na terceira fase, na UBI. Uma escolha que “teve duas fortes razões”. A primeira “porque a minha professora de Matemática, no Secundário, estudou aqui na UBI e dava referências muito boas da instituição, e a segunda porque uma colega da minha escola também entrou neste curso, este ano, e comprovava essas mesmas qualidades”.
Com uma semana de aulas no curso de que gosta, o jovem pensa já “em ser professor de Matemática”. E é já na pele de um futuro professor que começa por deixar algumas ideias de como o ensino desta disciplina deve mudar. Para o jovem alentejano, “o essencial está nas bases. Quando um aluno consegue entender a Matemática desde início, então, as maiores dificuldades estão superadas”, explica. Para além disso, Flávio Cardoso refere também que “os professores de matemática devem dar mais exemplos práticos e não tanta teoria, e para uma maior compreensão desta disciplina devem ser apresentados exemplos mais aplicados ao contexto social”.
Os responsáveis pelo curso mostram este caso “apenas como um exemplo das potencialidades da Matemática”. Luísa Pereira, directora da licenciatura em Matemática, acredita na possibilidade de “estarmos próximos de um inevitável ciclo de procura nacional da área”. Neste caso, a docente garante que “a UBI reúne todas as condições para dar uma resposta adequada”. Luísa Pereira lembra que foi feito “todo um trabalho de adequação do curso, no âmbito de Bolonha”, o que permitiu ter uma nova licenciatura “a funcionar com perfis complementares de formação, baseados em disciplinas de opção de várias áreas científicas, como a Biologia, a Informática, a Economia, a Gestão e a Física”. Tudo a pensar no alargamento do leque de saídas profissionais e também na adequação às exigências do mercado de trabalho.
A directora do curso e o presidente do Departamento, lembram que “esta é também uma aposta da universidade”. Isto porque “a UBI está consciente de que os cursos de Matemática, mesmo que de procura residual, são cursos necessários e imprescindíveis ao País, daí ter-se apoiado a abertura desta formação mesmo sem se ter financiamento exterior".

Editorial: A escolha do Flávio


O curso de Matemática tem agora 14 novos alunos
O curso de Matemática tem agora 14 novos alunos


Data de publicação: 2007-11-13 00:00:00
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