Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 403 de 2007-10-23 |
A Covilhã comemorou o seu 137º aniversário e, mais uma vez, discutiu-se o passado, o presente e o futuro da Covilhã. Se uns dizem que a cidade registou um desenvolvimento notável nas últimas décadas, outros contrapõem que a cidade se limitou a crescer em termos de construção habitacional. Uns e outros terão alguma razão. Se é verdade que a cidade se expandiu bastante, é igualmente notório que esse crescimento não foi acompanhado das necessárias infra-estruturas culturais e de lazer. Veja-se o exemplo das cidades vizinhas, Guarda e Fundão, onde houve mais sensibilidade para a importância destas estruturas ou, quem sabe, mais habilidade para tirar partido dos fundos europeus disponíveis.
Independentemente das opiniões, é inegável que a Covilhã está muito diferente daquilo que era nos anos 80, altura em que alguém escreveu num placa que delimitava a cidade a conhecida frase: Covilhã, cidade fantasma.
O grande factor de desenvolvimento da Covilhã ocorreu em 1986, com a passagem do então Instituto Universitário da Beira Interior a Universidade. Foi nesse momento que a cidade encontrou aquele que tem sido o seu grande motor de desenvolvimento, um motor que ganhou ainda mais potência após a atribuição da Faculdade de Ciências da Saúde. De então para cá, a UBI não tem parado de crescer, sendo mesmo a única universidade portuguesa em crescimento contínuo.
Com cerca de 5400 alunos, 80% dos quais deslocados, a UBI trouxe para a cidade mais de quatro milhares de jovens. Se cada estudante gastar 250 euros por mês, uma estimativa por defeito, estaremos a falar de um milhão de euros que é injectado mensalmente na economia local. A este valor, calculado de forma muito conservadora, deverá ainda ser somado o investimento realizado pela própria universidade e pelos seus recursos humanos, cerca de 800 pessoas.
Estes números demonstram claramente a importância da universidade no desenvolvimento da Covilhã, mas ficar por aqui seria uma visão muito redutora. O impacto da Universidade vai muito para além desta contabilidade de merceeiro: a mão-de-obra qualificada formada na UBI atrai empresas, incentiva a criação de novas unidades e dinamiza os negócios, impulsionando desta forma a economia local. Funcionando correctamente, este sistema melhora a qualidade de vida das populações locais, mas promove também o bem-estar dos estudantes e suas famílias, que têm na UBI uma escola de referência e na Covilhã uma cidade acolhedora e segura.
Por tudo isto, ao comemorar-se o Dia da Cidade da Covilhã é da mais elementar justiça destacar a forma extraordinária como a UBI soube assumir o papel que outrora foi ocupado pelos lanifícios, uma mudança, aliás, extremamente bem retratada no último trabalho da Quarta Parede, Os fios que a lã tece.
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