Arte e vinho são comtemplados na nova Galeria

A Covilhã tem um novo espaço dedicado à arte e ao vinho. A nova galeria “Arts & Wines” é um projecto inovador da autoria do covilhanense Artur Aleixo. O espaço foi inaugurado no passado dia 14 de Setembro e reuniu vários convidados e artistas.

Foi inaugurada, na Covilhã, no passado dia 14 de Setembro, uma nova galeria de arte, “Gallery Arts & Wines”. Na vernissage do novo espaço estiveram presentes o pintor Luis Vieira-Baptista, que apresentou 15 das suas mais representativas obras, inseridas no movimento Visionismo. As escultoras Aurora Rodrigues, Eduarda Filhó e o escultor Moreira Neves, da Covilhã, também marcaram presença com as suas obras subordinadas ao tema “Eterno Feminino”. A participação musical ficou a cargo das sopranos Isabel Vieira-Baptista, Glória Saraiva e da pianista Mercedes Cabanach, do grupo de Teatro Nacional de São Carlos. Na estreia da nova galeria estiveram presentes perto de 250 convidados.
O espaço “Gallery Arts & Wines” tem como principal característica, a ligação entre os melhores vinhos do Douro e do Alentejo, e a “obra de arte na sua essência como a pintura e a escultura”.
Artur Aleixo, natural da Covilhã, professor do Ensino Secundário e artista, é o director da galeria, e realça a importância do espaço pelo seu conceito inovador em Portugal. “Não conheço nenhuma galeria que fizesse uma relação entre o vinho e a arte. Mas penso que ambas se conjugam. Um bom vinho também é uma obra de arte”, salienta o responsável.
Quanto às reacções, o director refere que “têm sido excelentes”. “Efectivamente a Covilhã é uma cidade universitária e com a sua própria cultura, com tantos eventos culturais, como o cinema e o teatro, que o facto de não ter uma galeria de arte era uma grande lacuna”, afirma. Para o artista este é um projecto arrojado e por isso tem algumas dúvidas quanto à procura da população por este tipo de objectos. “Não sei se a Covilhã estará preparada para isto. Eu estou preparado para aguentar com este embate. Não estou à espera de grandes resultados em termos de lucros. Para mim o mais importante é ter este espaço de exposição dedicado à arte”, explica.
Artur Aleixo considera ser uma difícil tarefa a de consciencializar as pessoas a comprarem arte. “Apesar de vivermos num mundo de consumismo, o objecto de arte tem um valor superior ao de muitos objectos que temos em nossas casas. Nesse sentido as mentalidades das pessoas também já estão a mudar um pouco. Neste momento há um conceito mais minimalista em que às vezes é preferível uma boa obra de arte, que se valoriza ao longo do tempo, do que ter muito objectos.
Artur Aleixo caracteriza o espaço onde “o belo predomina no sentido da própria arquitectura” e por onde diversos artistas vão passando: “No fundo é um espaço virado para a contemplação do belo, com muita luz e com a participação de artistas que dignifiquem o espaço e que o tornem inovador”, garante o responsável.
Para já novas iniciativas estão a ser preparadas. A partir do dia 10 de Novembro a galeria recebe uma nova exposição, desta vez com a presença de trabalhos de artistas da Covilhã e arredores.
Questionado acerca do valor de uma obra, Artur Aleixo explica que “estamos a falar de arte e na minha perspectiva algo que não é repetível, que é uma obra exclusiva e original. Assim temos obras que custam 80 euros e outras que ascendem aos 8 mil euros”, afirma. “Há que desmistificar o conceito preconcebido de que a arte é algo inacessível. Não o é. Qualquer pessoa pode ter um objecto destes”.
Na opinião do responsável trata-se de uma questão de “educar o gosto”. “Aqui falamos de objectos que se distinguem pela valorização, pelo prazer estético de se contemplar uma obra distinta e única e nesse sentido temos uma missão – educar o gosto das pessoas. Mas claro, será sempre uma tarefa difícil”, sustenta.