Tecnicelpa distingue “papel” da UBI

Um estudo realizado por docentes e investigadores do Departamento de Ciências e Tecnologias do Papel da UBI foi distinguido com o prémio “Tecnicelpa”. Um galardão atribuído, pela segunda vez, no nosso País.

Quando Ana Paula Duarte, presidente do Departamento de Ciências e Tecnologias do Papel da UBI participou no XX Encontro Nacional da Associação Portuguesa dos Técnicos das Indústrias de Celulose e Papel (Tecnicelpa) estava longe de imaginar o impacto da sua comunicação. A cidade de Tomar recebeu a vigésima edição deste encontro que tem lugar de dois em dois anos e junta investigadores, empresários e técnicos de uma das principais indústrias lusas.
Nestes encontros, para além de diversas análises ao mundo da indústria papeleira são também apresentadas e debatidas as mais recentes investigações que se relacionam com este sector. Ana Paula Duarte, docente e presidente do Departamento de Ciências e Tecnologias do Papel da UBI foi quem deu voz à comunicação que tem por base um dos projectos que actualmente estão a ser desenvolvidos na Unidade de Materiais Têxteis e Papeleiros da instituição covilhanense.
“Biorefinação – Uso de Enzimas no Melhoramento da Refinação de uma Pasta Kraft Branqueada de Eucalyptus Globulus”, é o título do trabalho desenvolvido por Nuno Gil, Cristina Gil, Maria Emília Amaral, Ana Paula Costa e Ana Paula Duarte que agora foi galardoado com o Prémio Tecnicelpa. Uma distinção instituída pela Associação Portuguesa dos Técnicos das Indústrias de Celulose e Papel e que premeia, pela segunda vez, uma investigação nacional.
Segundo Ana Paula Duarte, esta pesquisa debruça-se sobre uma parte específica do processo de produção de papel, mais precisamente, “a fase da refinação”. É nesta etapa que “a pasta que dará origem ao papel passa por um processo mecânico que tem como finalidade, o tratamento das fibras dessa pasta”. Um dos grandes entraves de todo este processo de refinação está no facto “de ser consumida muita energia”. Desta forma, a pesquisa que a equipa de investigadores da UBI está a desenvolver vai no sentido “de serem utilizadas enzimas na fase de pré-tratamento das fibras”. A utilização destas enzimas vai permitir que “o processo de refinação seja muito mais rápido, com menos consumo de energia, e logo menos dispendioso”. Ana Paula Duarte adianta ainda que com esta pesquisa concluída vai ser possível obter o mesmo resultado, “em menos tempo e de forma mais barata e mais limpa”.
Este prémio chega “completamente de surpresa”, confessa a docente e investigadora, por entre um sorriso. Todos os trabalhos que são escolhidos para serem apresentados oralmente no congresso da Tecnicelpa, “como foi o da UBI”, explica a docente, estão também seleccionados para o concurso agora ganho por estes investigadores. Mas nesta vigésima edição, que decorreu na passada sexta-feira, 12 de Outubro, “havia mais de 30 trabalhos, todos muito bons, quer de universidades portuguesas, quer de instituições espanholas e até eslovenas”, destaca. Ana Paula Duarte conhecia a importância desta investigação e a área de acção, mas foi “com surpresa” que tomou conhecimento do primeiro lugar, alcançado com o trabalho da equipa da UBI. Segundo a docente da UBI “existem trabalhos semelhantes a este que estão a ser desenvolvidos noutros pontos do globo”. Contudo, nenhum deles “estuda a variedade de eucalipto que a indústria papeleira portuguesa utiliza, como nós estamos a investigar”.
A Tecnicelpa instituiu pela primeira vez, em 2005, o Prémio Tecnicelpa. Na sua génese este galardão de cariz científico pretende estimular a produção de trabalhos técnico-científicos nas empresas, universidades e institutos de investigação que desenvolvem a sua actividade em áreas directa ou indirectamente relacionadas com a floresta, a pasta, o papel e o cartão.
A Associação Portuguesa dos Técnicos das Indústrias de Celulose e Papel pretende dar assim um contributo para um maior enriquecimento do conhecimento. Este prémio destina-se a galardoar trabalhos técnico-científicos, desenvolvidos numa organização nacional, em áreas directa ou indirectamente relacionadas com a floresta, com a pasta, com o papel e cartão, por autores de nacionalidade portuguesa ou estrangeira.
Para além do reconhecimento científico, este prémio é ainda complementado com um prémio monetário de cinco mil euros.
Na perspectiva da presidente do Departamento de Ciências e Tecnologias do Papel, a aplicação industrial desta nova forma de “refinação da pasta”, por enquanto “ainda não está terminada e pronta para aplicação industrial”. Este foi um trabalho preliminar “e há que afinar alguns processos até que seja possível passar este conhecimento técnico à prática industrial”, confessa Ana Paula Duarte.