Voltar à Página da edicao n. 399 de 2007-09-25
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A sessão de câmara ficou marcada pela longa e acalorada discussão

A discussão em torno da decisão

Muito se falou, mais se discutiu e pouco se decidiu na última sessão de câmara da Câmara da Covilhã. Numa reunião pública, onde a ordem de trabalhos apenas começou a ser seguida três horas depois do início do encontro, as discussões entre os vários vereadores marcaram a ocasião.

> Eduardo Alves

Bastou os dois vereadores socialistas na oposição lembrarem ao presidente social-democrata que dirige a Câmara da Covilhã “algumas obras prometidas que ainda não estão cumpridas”, para que a discussão tivesse início.
Na última sessão de câmara, na Covilhã, na passada sexta-feira, 22 de Setembro, muitos foram os momentos de ruído, mas poucas foram as decisões. Vítor Pereira, vereador socialista, decidiu abrir o baú das memórias e retirar de lá “um jornal da sua campanha que promete aeroporto, circular, IC6, piscina, e uma outra série de obras para a Covilhã”. Contudo, na perspectiva do socialista, “nenhuma destas obras está hoje feita, nem em fase de execução, mas estão sim no ciberespaço, perdidas nas brumas da memória das promessas eleitorais”.
Pinto começou por achar piada “à brincadeira” e disse mesmo que “o caso é surrealista, até porque fala de um período de trabalhos que já passou e que já foi avaliado, mais uma vez pelos eleitores”. Mas depressa o social-democrata lembrou que aquele documento pertencia a outros tempos, “é certo”, e que a obra feita na Covilhã está “bem visível”. Veja-se “o silo-auto do Pelourinho, e também a futura piscina, porque não”, reiterou Pinto.
O social-democrata haveria de começar a virar a discussão quando lembrou a Vítor Pereira, “um deputado da nação”, “que parece deixar de o ser assim que entra na câmara”. Isto porque, “se quer obras na Covilhã, peça lá ao governo para ajudar o município”. O social-democrata chega mesmo a dizer que “o grande problema” de Vítor Pereira é “uma questão de indumentária”, porque aqui “o senhor tira o fato, mete o fato, e tira o fato”, numa alusão a facto do socialista “ser vereador na Câmara da Covilhã e deputado em Lisboa”.
Esquecida a agenda de trabalhos, os elementos da mesa acabaram por entrar numa acalorada troca de argumentos que foi desde o “informações sobre a construção do aeroporto”, até à forma como “se enganou o actual-primeiro ministro, José Sócrates, para que este aprovasse a vinda de fundos do Polis para a Covilhã”.
Mas entre tantas explicações, Vítor Pereira não encontrava a “justificação correcta da falta de obras”. Tema que inflamou ainda mais o social-democrata que preside aos destinos da câmara. A discussão seguiu, sempre em tom acalorado, com os papéis desempenhados, ou pelo presidente da câmara ou pelo deputado da nação. Terminando mesmo na quantificação do peso e da importância das opiniões de ambos os representantes das forças políticas.
A discussão em torno dos mais diversos assuntos não acabou por se ficar apenas pela voz de Vítor Pereira e Carlos Pinto e alargou-se a Miguel Nascimento, também vereador do PS e Joaquim Matias, vereador sem pelouros eleito pelo PSD. Os dois discutiram questões relacionadas com “o trabalho de desgaste que o PSD fez ao executivo municipal liderado pelo PS, entre 1990 e 1994”, segundo Nascimento. E dossiers como os da construção da piscina da Erada, “para a qual a Câmara da Covilhã contribuiu e muito”, segundo Matias. De mais de três horas de discussão resultam ainda algumas “tiradas interessantes” da autoria dos representantes dos dois principais partidos políticos na Câmara da Covilhã.

Carlos Pinto: “Eu tenho um livro de tudo aquilo que prometi aos covilhanenses. Não passa uma semana que não o leia de ponta a ponta e os meus vereadores também.”

Vítor Pereira: “Então isso quer dizer que seis anos depois que o rei vai nu.”

Miguel Nascimento
: “O PSD não investiu um tostão em obras, mas sim em festas e flores.”

Joaquim Matias: “Alguém, sem que nós soubéssemos, escondeu muita coisa no cemitério.”, “Isto parece um atentado à minha inteligência.”


A sessão de câmara ficou marcada pela longa e acalorada discussão
A sessão de câmara ficou marcada pela longa e acalorada discussão


Data de publicação: 2007-09-25 12:01:05
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