Voltar à Página da edicao n. 397 de 2007-09-11
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> <strong>João Leitão</strong><br />

Mobilidade e Inovação Aberta do Território das Beiras

A promoção dos índices de mobilidade a cabeça de cartaz é uma realidade incontornável, mas sem caciques. Basta de mais mel do mesmo pote e para as mesmas abelhas!

> João Leitão

Dentro do entorno propedêutico dos planos de desenvolvimento articulados com os eixos estratégicos e programas operacionais do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), para o período 2007 – 2013, há a necessidade latente de definir um posicionamento estratégico que rompa com as opções estruturais do passado, baseadas no cimento, no saneamento e, sobretudo, num pensamento taciturno arreigado à incontornável interioridade.


O território das Beiras deve posicionar-se, definitivamente, de forma diferenciada, atendendo a necessidades já diagnosticadas ao nível da competitividade territorial, do potencial humano, da valorização do território e da histórica falta de cooperação territorial. Aliás, essa falta de cooperação é apontada como necessidade especial para toda a Região Centro nos relatórios e diagnósticos de preparação do QREN. Por tudo o exposto, existe agora a oportunidade de estruturar um plano estratégico que, não obstante ter de superar carências infra-estruturais dos municípios das Beiras, deve valorizar as iniciativas de carácter supra-municipal que se revistam de uma natureza estruturante e que confinem o desenho e a implementação de uma estratégia comum de desenvolvimento sustentável para o território das Beiras.

Neste sentido, a análise e a monitorização subsequente da capacidade competitiva territorial deve obedecer à definição de indicadores rigorosos face a quatro dimensões de análise da referida competitividade, nomeadamente, a Empreendedora, a Logística, a Demográfica e a Territorial. 

A dimensão Empreendedora deve contemplar indicadores ao nível da eficiência produtiva, da massa crítica empresarial, da instabilidade criativa promovida pela Inovação & Desenvolvimento (I&D), e das novas formas de combinação de factores produtivos, as quais devem ser transferidas e comercializadas sob a forma de tecnologia. 

A dimensão Logística encerra uma importância estratégica crescente, em especial, no que concerne à modificação esperada do mapa de acessibilidades, em termos de fluxos intra e inter territoriais, bem como ao nível da determinação de novos caminhos óptimos e da minimização dos tempos de execução de viagens.  

A promoção dos índices de mobilidade a cabeça de cartaz é uma realidade incontornável, mesmo que para isso se tenha de recuperar toda a abordagem Ricardiana referente às vantagens comparativas do território, em função dos custos de transporte.  

A dimensão Demográfica deve ser, claramente, objecto de políticas orientadas para o rejuvenescimento e para a qualificação do potencial humano, sem descurar a transmissão de saberes e o acompanhamento das gerações seniores, verdadeiro capital humano e veículo transmissor dos traços ancestrais e diferenciadores dos territórios. 

A dimensão Territorial, mais uma vez sob uma perspectiva normativa, deve fazer singrar a cooperação e a valorização intrínseca, através da aposta em projectos de cariz internacional que contribuam para o reforço da conectividade entre territórios internacionais. 

O Modelo da Tripla Hélice assim o exige, dentro de um funcionamento articulado e estratégico, pois trata-se de catalisar o triângulo da competitividade territorial, cujos vértices contemplam a Ciência, a Indústria e o Governo.

O referido movimento de catálise deve assentar na preparação de um conjunto de projectos estratégicos que coloquem o território das Beiras numa nova trajectória tecnológica, sem romper com o passado, que se paute pela promoção da mobilidade como factor de reforço da capacidade competitiva territorial.  Deste modo, estarão reunidas as condições básicas para promover novos esquemas de inovação aberta, através dos quais as empresas e as instituições poderão, perfeitamente, interligar-se em matéria de I&D com a infra-estrutura de conhecimento existente no território. Daí, irá resultar um posicionamento estratégico comum, que, certamente, irá contribuir para a diferenciação e a valorização de um território que se quer moderno, diferenciado e dotado de usos e saberes ancestrais, mas sem caciques. Basta de mais mel do mesmo pote e para as mesmas abelhas!


Data de publicação: 2007-09-11 00:00:01
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