Voltar à Página da edicao n. 394 de 2007-08-21
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
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O Parque de Campismo do Pião continua a ser um dos destinos de férias da região

Vá pra fora cá dentro

Com o estrangeiro a marcar cada vez mais presença nos destinos de férias dos covilhanenses, o Parque de Campismo do Pião continua a ser um dos pontos de referência para quem opta por ficar na Cova da Beira, mesmo em férias.

> Eduardo Alves

O espaço 54 alberga a tenda da família Canário. A hora é de almoço e Maria Amália prepara a refeição. De entre os seus 63 anos, podem retirar-se já uns quantos dedicados ao campismo, “a uma paz e um sossego que não se encontra em qualquer outra parte”. Batata cozida, sardinha assada e salada de tomate que Américo Canário se apressa em terminar compõem a ementa para a refeição.
Sorriso constante e boa disposição, que garantem “vir do ar da serra e da paisagem maravilhosa da Estrela”, este casal não trocava o Parque de Campismo do Pião “por outro lugar no mundo”. Começaram por vir para a Estrela “devido aos problemas de respiração do filho mais novo”, explica o chefe de família. Por recomendação médica e “o dinheiro não abunda” optaram pelo parque de campismo. Este antigo motorista recorda que também o parque “já deu muitas voltas e agora está bastante diferente”. Américo Canário vai sublinhando a sua posição e dizendo que “a diferença é para melhor”. A luz eléctrica, a piscina, as novas ruas e condições de segurança são pontos positivos que os campistas apontam para ter tal opinião.
Motivos também partilhados por Vítor Marques. Este funcionário da escola Nacional de Bombeiros trocou a sua cidade natal e a serra que a envolve, a de Sintra, pela serra da Estrela. Campista desde a sua juventude, nunca deixou de privilegiar “o contacto com a natureza, a camaradagem das pessoas e a melhor forma de descanso que proporciona o campismo”. Conheceu o parque “através de bombeiros aqui da Covilhã” e um ano decidiu vir ver “as maravilhas que contavam deste lugar”. Desde então “e já lá vão quase cinco anos, não passa um Verão sem que esteja aqui alguns dias”. Ana Cristina Silva, esposa de Vítor Marques, trabalha “em pleno centro de Lisboa”. Todos os dias “faz-se um esforço enorme para chegar ao emprego, para cumprir horários e para tentar ter uma vida minimamente regrada”. Por isso mesmo, “só quem passa por esse stress todo e depois vem para a Estrela é que consegue avaliar o bom que isto é”. De momento, Ana Silva desdobra-se me trabalhos mas para segurar o pequeno Jeferi, o cão da família. O tamanho do animal em nada corresponde ao barulho que este consegue fazer e o ladrar passa a ser uma constante na presença de estranhos. “Olhe, até este, aqui ganha novas pilhas”, acrescenta a dona por entre um sorriso. Às maravilhas do parque apenas apontam uma pequena falha, “a falta de casas de banho e zonas de manutenção e cozinha, na parte alta”.
Um registo que Carlos Serra parece também já ter em mente. Presidente do Parque de Campismo do Pião “vai para sete anos”, é o primeiro a reconhecer que as melhorias foram muitas, mas nem tudo está bem. Contudo “muito já foi feito”. De entre o trabalho destes últimos anos o responsável máximo por esta estrutura aponta “a instalação do posto de transformação de electricidade” como a maior conquista. Uma obra orçada “em mais de 125 mil euros e que apenas teve ajudas da Câmara da Covilhã”. A lembrança, ainda que não dita de forma certeira vai para a Região de Turismo da Serra da Estrela e para o Parque Natural da Serra da Estrela. O presidente do espaço dedicado ao campismo no Maciço Central lança para a conversa o facto “do parque não estar, ainda hoje, licenciado”. É um processo moroso “e bastante complicado, do ponto de vista burocrático”. Sem este tipo de apoios e de condições mínimas “como querem depois que a serra da Estrela tenha gente”. Carlos que também carrega no apelido “Serra” não se conforma “quando são dadas para turismo de luxo e para estruturas de turismo rural, grandes somas de dinheiro, e para aqui nada”.
A reforçar esta sua posição e a importância do parque, o presidente da estrutura mostra os números. No Parque de Campismo do Pião “há 1500 sócios com cerca de 200 lugares cativos, 175 destes têm pessoas todo o ano”. No meio da Estrela, por entre pedras, penhascos e curvas, lá aparece o parque de campismo, mas para este se mantenha “é preciso que não se repitam erros como aqueles que foram cometidos por um qualquer secretário de Estado em Lisboa quando disse que na Nave de Santo António existia uma erva única no mundo”. “Aquilo, no Verão, era uma autêntica cidade”, remata Carlos Serra, “agora está um deserto”.


O Parque de Campismo do Pião continua a ser um dos destinos de férias da região
O Parque de Campismo do Pião continua a ser um dos destinos de férias da região


Data de publicação: 2007-08-21 00:00:00
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