Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 393 de 2007-08-14 |
Empresas “made in” UBI
Os números não mentem e cada vez mais o desemprego entre os jovens licenciados aumenta. Para mostrar que é possível mudar este cenário e que as teorias e práticas reunidas ao longo de um curso têm grande potencial está o Gabinete de Apoio a Projectos e Investigação (GAAPI). Vários projectos académicos deram já origem a empresas.
> Eduardo AlvesCom 22 anos, José Luís Gonçalves, prepara-se para dar um dos mais importantes passos da sua vida, vai tornar-se empresário. Este jovem natural de Bragança veio para a Covilhã para estudar Design Multimédia e desde cedo formou um grupo de trabalho com Marco Gonçalves, da Lousã e Fernando Vale, de Santo Tirso. Foi “por causa de um trabalho que tivemos de fazer para uma cadeira da nossa licenciatura que nasceu o Fósforo Criativo Colectivo”. Desde aí “todos os outros trabalhos que tínhamos de fazer, para as restantes cadeiras dos curso, foram sempre sobre esse tema”.
Este jovem, que “abominava a ideia de ter uma empresa, de ter de trabalhar com facturas, contabilidades e burocracias” fala já com destreza própria de quem tem como missão dar destaque ao seu produto e vender a sua ideia. Apresenta como diferenças perante a concorrência o facto de estarem “a fazer algo de completamente novo e de criativo, de lidar com o mercado e com aquilo que é feito pela Fósforo como um laboratório e espaço para novas coisas”.
Também João Correia espera alcançar “altas velocidades” com a sua futura empresa. Licenciado em Engenharia Aeronáutica aposta agora no mercado da consultadoria de competição automóvel, com serviços de engenharia em aerodinâmica, estruturas, dinâmica de veículos, design e componentes. Ainda durante a sua licenciatura, João Correia ouviu da boca de um dos docentes da UBI “o lamento pelo facto de nunca nenhum dos seus alunos ter criado uma empresa”, o que o levou “a ser o primeiro de Aeronáutica a fazê-lo”.
Inscreve a sua ideia em dois concursos, um deles lançado pelo Gabinete de Apoio a Projectos e Investigação (GAAPI), e recebe fortes apoios para tornar aquele projecto numa empresa. Por enquanto, João Correia está a contactar algumas equipas de competição nacional “de modo a sondar o mercado e ter uma ideia do potencial dos serviços”.
Quem parece estar já a criar soluções para os novos mercados, como o on-line, é a equipa responsável pelo projecto Virtual ADN. Ricardo Neves de Sousa encontrou quatro apoiantes de uma ideia que vinha amadurecendo há já algum tempo num curso de empreendedorismo de base tecnológica, promovido pela UBI. Depois de colocar “a ideia em cima da mesa, fomos limando algumas arestas e incorporando novas formas, cujo resultado culminou naquilo que hoje define o Virtual ADN”. Um projecto que “pretende redefinir o comércio electrónico de vestuário, ao oferecer aos potenciais clientes, o perfeito ajustamento das roupas compradas on-line, evitando custos de deslocação, devolução e até emocionais”. A ideia passa por fazer a scanerização do corpo humano, recolhendo os dados biométricos individuais, a nível morfológico e volumétrico, criando um ficheiro único, pessoal e intransmissível, que possibilitará a interface com a indústria e comércio de vestuário. Deste modo, qualquer pessoa que possua ligação à Internet, poderá aceder ao site de uma marca de roupa, “que previamente terá assinado com a Virtual ADN um contrato de fidelização”, e ao escolher a peça desejada, fará a ajustabilidade desse modelo às formas e medidas do seu corpo, sendo essa imagem tridimensionalmente projectada no monitor do computador.
Três projectos que para além de inovadores e de serem criados na UBI têm também como ponto essencial de ligação o Gabinete de Apoio a Projectos e Inovações (GAAPI). Uma estrutura que funciona na instalações da UBI e que acolhe diversas funções. Para além da promoção de projectos, de uma oficina de transferência de tecnologia e conhecimento, tem também um gabinete de apoio à promoção da propriedade industrial e investe na formação.
Mas para estes três casos exemplares e outros tantos que estão já em desenvolvimento, o papel fundamental do GAAPI passa pela ligação do meio académico ao meio empresarial. A rede de contactos e as relações com tecido empresarial, o conhecimento das necessidades de mercado, dos desafios que se colocam às novas empresas e as potenciais linhas de negócio são alguns dos pontos-chave da actuação do GAAPI.
Ricardo Neves de Sousa lembra “o inestimável apoio do GAAPI à nossa ideia, sobretudo por ter permitido não só encetar o processo de registo da propriedade intelectual da ideia, constituindo esse suporte, uma das principais alavancas para o arranque do negócio, mas também, apoiar-nos na criação do plano de negócios”. Este mentor do Virtual ADN considera que o GAAPI “constituiu uma força catalizadora, no sentido de ter operacionalizado conhecimentos e meios, que na sua ausência, tornaria mais difícil a perspectiva de materialização do projecto”. Ricardo Sousa lembra também “as iniciativas como o mini-concurso de ideias, no qual nos foi atribuído o terceiro lugar, e serviu como alento e motivação para iniciar o projecto”.
Esta opinião é também partilhada por José Luís Gonçalves. Este elemento do Fósforo Colectivo Criativo adianta que “nada nos levava a pensar em criar uma empresa, como agora está a acontecer. Essa ideia surgiu sobretudo devido ao GAAPI”. Num dos seminários promovidos por este gabinete, aqui na UBI, “decidimos também apresentar o nosso projecto e foi aí que tudo se começou a desenhar”. No final de Junho participaram também no mini-concurso de ideias promovido pelo GAAPI e “fomos incentivos a seguir com a ideia e aqui estamos”.
José Luís Gonçalves olha para o GAAPI como quem olha “para uma rampa de lançamento no sentido de nos mostrar todos os passos necessários à criação da nossa empresa. Para além disso foi através deste gabinete que conseguimos estar dentro de um conjunto vasto de incentivos como o FINICIA e outros programas de apoio às novas empresas”. O jovem licenciado em Design Multimédia acrescenta ainda o facto desta estrutura funcionar bem é o Gabinete de Estágios e Saídas Profissionais, para além disso, “o que se denota no trabalho do GAAPI é a sua rede de contactos que funciona muito bem e que abre muitas portas”. Contudo, José Luís Gonçalves recorda aos seus colegas que “o GAAPI funciona bem e de portas abertas, ainda assim têm também de ser os estudantes, a dar também alguns passos e vir ao encontro deste tipo de organismos”.
João Correia “afina os motores” pelo mesmo regime e partilha a opinião de que “a existência do GAAPI dá aos alunos a possibilidade de pensarem na criação de uma empresa sua e terem a possibilidade de tirar as dúvidas que possam surgir ao longo do percurso, embora ache que nem todos nos apercebemos das potencialidades do GAAPI”. Este licenciado em Engenharia Aeronáutica fala “por experiência própria” e classifica a equipa de técnicos “como uma ajuda em tudo o que podem e estão sempre dispostos em receber-nos, ouvir-nos, dar a opinião e aconselhar”. Este preparador de automóveis de competição acrescenta ainda que “o GAAPI tem sido uma grande ajuda pois estou a entrar num mundo com que nunca tinha sonhado, por isso, tem sido um choque e muitas vezes não sei bem que caminho seguir, pois embora haja muita informação por vezes é difícil assimilar tanta informação. Assim o GAAPI têm-me tirado dúvidas sobre algumas questões de gestão para as quais nunca estudei, assim como tem ajudado no contacto com potenciais parceiros da minha futura empresa e na organização de reuniões com pessoas e instituições que poderão ser importantes para o futuro da minha futura empresa”.
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